É absolutamente natural, saudável e até mesmo necessário para nossa sobrevivência, sentirmos medo diante do perigo. Ao longo da vida, temos que lidar com os mais diferentes tipos de medo: de que aconteça alguma coisa grave com nossos filhos e com as pessoas que amamos; de descobrir alguma doença grave; de perder o emprego; da violência das ruas; de não ser correspondido no amor; de ser traído; de envelhecer; da solidão; de não ter sucesso profissional; de morrer… Isso sem falar em alguns medos específicos como o de viajar de avião (principalmente depois das recentes quedas de aeronaves com tantas mortes); de elevador; de altura; de baratas; de falar em público…
Mas, quando o medo se torna persistente, incontrolável e irracional, seja diante de coisas que ofereçam perigo real ou não, traz prejuízos para a vida das pessoas e limita seus atos, deixando de ser normal, transformando-se em doença: a fobia, um transtorno de ansiedade que provoca alterações físicas e nervosas (suores, tremores, taquicardia, tonteiras, falta de ar…) e ocorre só pelo fato da pessoa pensar em se deparar com o objeto dos seus temores.
BARATAS: SERES INDESEJÁVEIS
Ter fobia de altura, de dirigir, de elevador, de avião, de barata… é mais comum do que você provavelmente imagina. Para quem não sofre desse distúrbio, pode até parecer exagero, ou até mesmo covardia, alguém entrar em pânico diante de um inseto, fisicamente inofensivo, como uma barata.No entanto, pessoas que sofrem de ENTOMOFOBIA (medo de insetos) são capazes de sair correndo, gritar e entrar em pânico diante de uma barata, principalmente quando ela voa em sua direção, mesmo estando em lugares públicos. As mulheres são campeãs nisso, parece até que tem uma habilidade especial em avistar de longe uma barata e, mesmo que apareça um corajoso que a afugente ou mate, continua apreensiva, principalmente se for adepta da teoria de que as baratas são enturmadas e nunca andam sozinhas, no mínimo em dupla (a minha filha Cacau jura que isso é verdade).
Recentemente, foi exibida no fantástico, uma entrevista com um mergulhador que nadava no meio dos tubarões e, quando lhe perguntaram se ele não sentia medo quando os tubarões passavam pertinho dele, respondeu que não e do que ele tinha medo mesmo era de baratas. Pode até parecer um contrasenso ou piada, mas, para um fóbico, uma barata pode ser mais ameaçadora do que um tubarão.
MEDO DE SENTIR MEDO
Ter medo é comum e inevitável, mas, se provoca perda do controle das emoções e dos atos precisa ser encarado como doença e devidamente tratado. Muitas vezes, a doença fica mascarada pelo fato do fóbico evitar se deparar com as situações que lhe atormentam. Assim, quem tem medo de avião, não viaja; quem tem medo de elevador, mora em casa ou no primeiro andar; quem tem medo de mar, não vai à praia. A evitação, entretanto, não resolve todos os problemas: é mais fácil você escolher não ir à praia por ter medo do mar, do que deixar de viajar de avião para fazer um curso (nem sempre dá pra ir por via terrestre), por ter AEROFOBIA. Ou, ainda, escolher os profissionais que vão cuidar da sua saúde pela localização dos seus consultórios, em função do seu medo de altura (ACROFOBIA). Tudo isso, sem falar nos prejuízos pessoais que você passa a ter como deixar de viajar, passear… por decorrência de seus medos.
Não tenha medo de sentir medo, só não permita que ele se transforme num grande nó emocional e lhe impeça de viver. A propósito, você tem medo de quê?