Hoje, dia 8 de março, comemora-se o “Dia Internacional da Mulher”. Essa data é uma homenagem à morte de 150 operárias de uma fábrica de tecidos em Nova Iorque, que num 8 de março (de 1857) fizeram greve e foram brutalmente reprimidas por isso – foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada com elas dentro e, morreram carbonizadas. Elas lutavam pela redução da jornada de trabalho diária de 16 horas para 10 horas, pela equiparação de salários com os homens (chegavam a receber até 1\3 do salário recebido pelos homens para executar o mesmo trabalho) e por tratamento digno no ambiente de trabalho. Você sabia disso?
Pois é, hoje nós recebemos homenagens e flores, mas nossa história foi e continua sendo escrita com muita luta. Vale a pena lembrar que apenas em 1827 nós pudemos frequentar as escolas elementares e, que foram necessários mais 52 anos de luta para que as mulheres tivessem autorização do governo para estudar em instituições de ensino superior e, mesmo amparadas por lei, as que ousavam invadir esse espaço antes privativo aos homens eram discriminadas e mal vistas; e somente em 1932,conquistamos o direito de votar, antes disso nós não tínhamos nem voz e nem voto.
ROMPENDO O SILÊNCIO
Mas, apesar de as mulheres terem ganhado espaços e conquistado direitos, de serem também responsáveis pelo sustento de suas famílias – hoje, 4 em cada 10 mães sustentam suas casas -, também somos parte de uma triste estatística: 1 em cada 3 mulheres no mundo já foi espancada ou violentada sexualmente (segundo dados da ONU) e no Brasil, a cada 5 minutos uma mulher é agredida. Diariamente mulheres são assassinadas por seus maridos e namorados e, provavelmente, muitos desses agressores cresceram vivendo a violência dentro de suas casas e aprenderam ser essa a forma de expressar sua raiva e resolver conflitos.
Aos poucos, as mulheres vão perdendo o medo, rompendo o silêncio e denunciando seus agressores. A violência contra a mulher é crime e deixa sequelas no corpo e na alma. A mulher que é vítima de violência e não denuncia seu agressor torna-se cúmplice da situação, além de vítima; seu silêncio garante a impunidade de homens que continuarão agredindo e até matando mulheres. Porém, desde 7 de agosto de 2006, graças à lei Maria da Penha (uma mulher que virou símbolo da luta contra a violência doméstica), muitos agressores puderam ser punidos e presos. Quem cala, consente!
DE AMÉLIA A MARIA
Nós mulheres continuamos na luta por melhores condições de vida e trabalho, queremos respeito, estabelecemos limites para nossa dignidade, mas nossa inconformação e inquietude também nos levam a lutar pelo prazer, pelo direito à felicidade e ao amor. Estamos perdendo o medo de ficar só. Queremos qualidade nos nossos relacionamentos afetivos e isso significa que não aceitamos mais a infidelidade masculina como se fosse algo atávico em nossas vidas. Revolucionamos costumes e convenções. Diminuímos as desigualdades. Conquistamos voz no social, pois já sabemos que somos uma força produtiva em ascensão e aprendemos cada vez mais a nos posicionar no mundo. Quando não somos ouvidas, batemos panelas e gritamos.
Mas não queremos dominar o mundo, no fundo, nosso desejo é o de estar e caminhar ao lado dos homens e construir junto com eles uma história de amor, parceria, solidariedade e amizade. Muitas histórias ainda falarão em nós, ainda há muito a conquistar. Nosso desejo é o de viver em paz e ter felicidade. Queremos viver nosso lado Maria, que mistura a dor com alegria, mas temos raça, sonhamos sempre e apesar de tudo, ainda possuímos essa estranha mania de ter fé na vida. Feliz dia das mulheres para nós!