Ter um relacionamento amoroso com alguém que seja muito ciumento não é nada fácil, ou melhor, pode ser trágico. Ter um pouco de ciúme é visto romanticamente como prova de zelo e amor e expressa uma reação passageira diante de uma circunstância em que alguém se sentiu excluído ou ameaçado, em uma determinada situação. Mas, passa a ser um problema sério e se torna patológico, quando ocorre com grande intensidade e frequência, transformando-se em uma obsessão: pois a pessoa deseja controlar os sentimentos e o comportamento do(a) parceiro(a), em busca de um indício de traição.
O ciumento não consegue ter paz. Sofre, absurdamente, imaginando coisas, fica transtornado (a) e é capaz de ter reações emocionais violentas. Costuma ser uma pessoa extremamente insegura, sensível, com baixa auto-estima, dominadora e, como se auto-desvaloriza, não consegue acreditar que alguém seja capaz de amá-la, provavelmente por ter se sentido preterido ou abandonado na infância, pelos pais. Algumas vezes, o ciúme também ocorre em função de uma prática de infidelidade, onde ele(a) projeta no(a) outro(a) uma atitude que é sua (se eu faço, ele(a) também pode fazer).
Invasão de privacidade
A angústia e a dúvida persegue a alma do ciumento (a), que vive atormentado pelo medo de ser traído(a) e abandonado(a). Ele(a) imagina, a todo o momento, que está sendo traído(a) e, como não consegue se controlar, invade a privacidade do(a) outro(a), tolhe a sua liberdade, vigiando todos os seus gestos e atos, transformando a vida deles num verdadeiro inferno.
O ciumento não tem limites! Bisbilhota celular, lê emails, mexe nos objetos pessoais, abre correspondências, ouve telefonemas, proíbe roupas, examina bolsas, interroga terceiros, segue a pessoa amada para observar o que ela está fazendo… e chega ao absurdo de contratar um detetive, pois não consegue confiar no parceiro. Impossível não se sentir sufocado com tantas cobranças de alguém que tenta controlar a sua vida e o(a) trata como se você fosse sua propriedade.
Um amor exagerad
O ciúme tem sido motivo de muitos términos de relacionamento e, nos casos mais extremos, tem até provocado mortes. O(a) ciumento (a) sofre muito porque não consegue deixar de alimentar a fantasia de que o(a) seu(sua) companheiro(a) lhe trai, sendo assim, na tentativa de controlar a vida do(a) outro(a), telefona várias vezes por dia e, se não for atendido de pronto, o(a) parceiro(a) vai ter que explicar nos mínimos detalhes porque isso ocorreu. É comum o ciumento perguntar a mesma coisa, várias vezes, tentando encontrar contradições que comprovem suas suspeitas de traição. Nem o passado do(a) parceiro(a) escapa, é esquadrilhado milimétricamente, pois nada pode escapar ao seu conhecimento; ele(a) precisa saber de tudo para poder se torturar, afinal de contas ele(a) não merece ser amado(a), e torturar o outro que além de não lhe amar, lhe engana. E se o(a) parceiro(a) omite fatos ou informações, na tentativa de evitar brigas e ele(a) descobre, isso é garantia de tortura para o resto da vida.
O ciúme obsessivo pode ter origem em diversos transtornos mentais, alcoolismo… sendo necessário que a pessoa se submeta a tratamento especializado, de vez que se trata de uma patologia, que acarreta muita dor e sofrimento para o casal e torna inviável não só a convivência entre eles, mas também com as outras pessoas a sua volta que, fatalmente, serão envolvidas por eles em suas brigas e desentendimentos. Não dá pra ser feliz e ter paz se relacionando com alguém que, como diz Drummond “… cultiva as sem perfume e agressivas flores do ciúme”.