Tirania infantil

Criar filhos é uma experiência fascinante, mas cheia de desafios. A reclamação constante dos pais é a de que as crianças não obedecem regras, não tem horário para dormir, comer, atrasam nos seus compromissos, não cuidam do material escolar e dos brinquedos, comem onde querem, estão cada vez mais precoces, questionadoras, se tornam tiranas, não tem respeito pelos outros e acham que o mundo gira em torno delas. E o que é pior, isso tudo só acontece porque elas não têm limites e nós, pais, permitimos!

Limite é a nova palavra de ordem dos pais e educadores. Nós devemos começar a definir os limites com as crianças desde cedo, assim que elas aprendem a engatinhar e passam a descobrir o mundo e a explorar tudo o que esteja ao seu alcance. Depois que aprendem a andar e a falar tentam impor seus desejos (são regidas pelo princípio do prazer) e nós, adultos, é que temos que definir claramente o que eles podem ou não fazer. É necessário que essas noções de limite sejam apresentadas à criança até os 3 anos de idade, para que sejam internalizadas e facilitem a definição de normas e valores morais, além do que, disciplina é fator fundamental na formação da personalidade das crianças.

 

A necessidade de limites

 

Nunca se falou tanto da necessidade de se estabelecer limites na criação dos filhos, talvez porque cada vez mais os pais, para compensar o tempo que passam fora de casa terminam sendo muito permissivos com relação aos filhos. Pais liberais demais correm o risco de perder o controle da vida das crianças e elas precisam da referência de autoridade para amadurecer.

Como criar filhos, hoje? Não devemos permitir que elas façam tudo o que querem; é impossível educar sem dizer não. O diálogo continua sendo a melhor alternativa, mas isso não inclui barganhar, oferecer recompensas ou trocas para que eles nos obedeçam. O limite deve ser estabelecido de uma forma clara, firme, pontual e sem discussão. Questões simples como “vá tomar banho” não devem se transformar numa batalha: devem ser carinhosamente ordenadas uma única vez (você não precisa e nem deve ficar justificando sua ordem). Se a criança resistir, com firmeza e sem truculência, devemos segurá-la pelo braço e a levarmos para o banheiro –  ela pode gritar, espernear… mas vai fazer isso tudo no chuveiro. É claro que podemos fazer pequenas concessões, como: “mãe, espera só um pouquinho que o meu desenho predileto está acabando” e, se o tempo permitir, tudo bem: assim que terminar de passar o desenho a ordem precisa ser cumprida. Não é batendo e nem gritando que ensinaremos nossos filhos a obedecer.

Educar não é apenas fixar limites, mas orientá-los para o respeito e a liberdade.

 

Criar sem culpa

 

A precocidade infantil começa a ser considerada um problema, não só em função do jeito com que as crianças se vestem, das suas cobranças consumistas ou da forma como nos questionam, mas, principalmente, na forma como as tratamos. Nosso desejo é sempre fazer o melhor por nossos filhos, mas nós não somos os responsáveis pela felicidade deles. Nosso papel é o de ensiná-los a ter responsabilidade, a assumir seus erros, ajudá-los a aprender a cuidar de si e dos outros… a prepará-los para o convívio social.

Dizer sim aos desejos dos filhos é muito mais fácil. Os pais têm medo de ser muito rigorosos, de prejudicar a auto-estima dos filhos e de perder o amor deles. Dizer não, estabelecer limites, não provoca infelicidade e nem traumas a ninguém, muito pelo contrário, os torna mais seguros para enfrentar a vida, mais solidários, amáveis, sabendo lidar com os conflitos e respeitar as pessoas e as leis. Este é o caminho do amor!

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