O nosso corpo é o cenário onde se desenrola a experiência da vida, onde aprendemos o que é existir. Ao longo dos tempos ele se transforma, impõe limites, acata desejos, define possibilidades e testemunha sentimentos e emoções. Todas as percepções do mundo, das outras pessoas e de nós mesmos são intermediadas pelo nosso corpo; sua tarefa é fazer uma triagem contínua do que está acontecendo e nos ajudar a buscar uma adequação aquela realidade momentânea, mas, precisamos reconhecer que as urgências da vida moderna e todas as necessidades forjadas pela cultura da beleza, do poder e do sucesso têm nos tornado cada vez mais insatisfeitos e ansiosos.
Sabemos que somos livres para criar nosso próprio destino, mas as pressões sociais para que se consiga ter sucesso, poder, riqueza, que se case, tenha filhos e seja muito feliz são grandes. A vida é a arte de fazer escolhas e nem sempre é fácil escolher, o medo de errar, de não conseguir corresponder às expectativas criadas em torno de nós e de não “dar certo” na vida está fazendo com que muitas pessoas se tornem reféns da sua própria ansiedade. Assim, ser feliz virou uma obrigação, como se fosse um estado de alma permanente e não algo que se produza de acordo com as circunstâncias da vida.
Então, é bom que a gente saiba que uma dose adequada de ansiedade (nem de mais a ponto de nos angustiar e nem de menos, que nos mantenha acomodados numa zona de conforto) é essencial para nos ajudar a vencer conflitos internos e amadurecer, para nos energizar e nos movimentar a procurar novos caminhos que nos mobilize em torno de desejos e sonhos. Sem sentir essa inquietação, essa agonia, provavelmente a gente vai se acomodar e se conformar com o que já se conseguiu na vida, mesmo não achando tão bom.
A ansiedade (receio sem causa evidente) costuma andar acompanhada pelo medo (grande inquietação diante do perigo, seja ele real ou imaginário) e, quando eles tornam-se maiores do que o necessário para nos ensinar a ter cautela e olhar para a vida com mais atenção, costumam trazer prejuízos consideráveis à vida de todos nós, viram doença e maltratam bastante. A ansiedade excessiva pode virar um Transtorno de Ansiedade, um mal estar que percorre o corpo provocando taquicardia, sudorese, respiração acelerada, boca seca, sensação de peso no peito, suor nas mãos. A sensação é a de que o coração vai sair pela boca!
E tem mais, a pessoa também sente uma inquietação imensa, irritabilidade, insônia, insegurança, dificuldade de concentração, cansaço, pensamentos negativos com relação ao futuro, preocupação excessiva com as coisas do cotidiano e uma sensação muito estranha, que parece que não vai ter hora para acabar, o que torna tudo muito difícil, pois a pessoa não consegue se controlar e retomar a sua autonomia. A sensação é a de que o pior ainda está para acontecer!
Se você se reconheceu na descrição acima, e se esses sintomas estão presentes há mais de seis meses na sua vida e estão causando problemas em suas vivências cotidianas, não perca mais tempo, procure ajuda especializada (médico\psicológica) para que você possa voltar a ter controle sobre suas sensações e emoções – precisamos nos cuidar pois esse transtorno é mais comum nas mulheres. Motivos não nos faltam para aumentar a nossa adrenalina diária, porém para se ter qualidade de vida é necessário encontrar o ponto de equilíbrio da ansiedade: nem totalmente ausente, nem muito exagerado.