Sentir uma tristeza, que chega de repente e fica muito grande, é mais comum do que você pensa, nessa época do ano. É a Síndrome do final de ano, que apesar de ocorrer em um período marcado por confraternizações e reencontros, em que vivemos momentos de alegria e esperança, também acaba nos mobilizando para a solidão, saudade e perdas. Ainda bem que esse período costuma ser breve e termina assim que as festas acabam. A situação tende a se agravar se: ao fazermos o balanço de nossa vida, no ano que termina, chegamos a um resultado negativo; estamos vivendo algum momento de perda significativa (como separação, desemprego, mudança de cidade…) ou vivemos a perda de um ente querido (é terrível o primeiro Natal e Ano Novo sem ele) e ainda estamos elaborando esse luto. Não é por acaso que os consultórios dos psicoterapeutas e médicos ficam lotados em dezembro.
Além do nível de exigência no mundo ter crescido bastante e a concorrência ter ficado mais acirrada, nós, muitas vezes, somos muito rigorosos em nossas avaliações e julgamentos acerca dos outros e de nós mesmos e adquirimos o péssimo hábito de medir sucesso por dinheiro ganho. Nós até podemos não estar vivendo um bom momento e sentir tristeza faz parte da vida e é normal, mas se nós ficarmos apenas nas expectativas não realizadas, nas lembranças de celebrações passadas ou muito ligadas em alguém que já não existe, estaremos fadados a achar que a vida ficou nos devendo esse ano!
PERDAS E GANHOS
O final do ano sempre mexe com nossas emoções, especialmente o Natal. Enquanto uns comemoram e celebram, outros se entristecem e se deprimem (essa é a época do ano que mais afeta os depressivos) ao perceberem que mais perderam do que ganharam ao longo do ano. Não adianta negar a emoção do Natal, alegando que isso é só uma data comercial e que não lhe atrai, pois a verdade é que nós somos assombrados pelos “fantasmas do final de ano”. Mas, não se tensione muito, porque esse período de insanidade social é efêmero e nos permite, além de lembrar de histórias passadas, reconstruir essas vivências, trocando lembranças por sonhos; fracassos por chances; permissão por liberdade; ausência por saudade…
RESIGNIFICANDO A VIDA
Esse não é um período do ano como qualquer outro: é impregnado de ansiedade e expectativa e de uma fraternidade compulsória. Para superar momentos difíceis é fundamental resignificar a vida, modificando o que for necessário e mantendo o desejado. Já sabemos que, mais do que em qualquer outra data festiva, nessa época, é natural nos sentirmos tristes ou saudosos ao conviver com nossas perdas, dores e com a ressaca moral da decepção e do tédio. O que ameniza então? – Invente outras maneiras de celebrar o Natal e o Ano Novo; É importante que você procure estar com pessoas queridas e compartilhe o que for possível (mesmo que você não tenha alguém para dar beijo na boca, na virada do ano); Minimize expectativas e crie metas realistas para você; Não formule propostas de mudanças radicais para 2007; Não se foque no que você não obteve e fez acontecer e sim, valorize o que você teve e realizou; organize seu tempo e estabeleça prioridades; Não lamente o passado, celebre o futuro.
É preciso resolver o passado para criar um futuro sem pendências e a passagem de ano nos permite celebrar possibilidades. Estoure uma champagne e comemore a vida, afinal de contas, como poeticamente nos diz Drummond: “O ultimo dia do ano, não é o último dia do tempo, não é o último dia de tudo. Outros dias virão”
E que sejam plenos de amor, felicidade, prazer, sorte, saúde, paz e prosperidade para todos nós.