Porque é tão difícil conversar sobre sexo com os filhos adolescentes? Porque, muitas vezes, não há uma relação de intimidade e confiança entre pais e filhos. O ideal é que, desde a infância, tivéssemos criado o hábito salutar de conversar com nossos filhos sobre as coisas do dia-a-dia: como foi o seu dia na escola? E o aniversário da Clarice? Se esse vínculo não foi criado anteriormente, é importante estabelecê-lo agora, falando inclusive das dificuldades que, como pais, estão sentindo em lidar com a precocidade da vida amorosa dos filhos.
A própria biologia leva o adolescente ao envolvimento sexual (os hormônios estão em ebulição) e o melhor que podemos fazer é tentar protegê-los com conversas e orientações sobre o assunto. A iniciação sexual dos jovens aparece como conseqüência do namoro, pois eles procuram a satisfação sexual ao lado de quem eles gostam e tem afinidades, só que tem ocorrido de forma muito precoce (pesquisa da UNESCO comprovou que 66,5% dos jovens tem relação sexual antes dos 16 anos; 16,1% antes dos 13 anos e que Belém é a capital em que os jovens iniciam mais cedo a vida sexual) e isso pode expor o adolescente a riscos com gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis ou até mesmo abusos sexuais.
JÁ ESTÁ NA HORA?
A descoberta da sexualidade se constitui num “rito de passagem” na vida de todos os adolescentes e não existe um momento certo para isso ocorrer, depende da maturidade de cada um, do nível de informação sobre o assunto, dos valores familiares e morais e das oportunidades (geralmente acontece na casa do garoto ou na casa de um colega, com a conivência dele).
A mídia tem incentivado muito a sexualidade, erotizando precocemente os jovens e as relações sociais. Além disso, os meninos sentem-se pressionados pela família e pelos amigos a ter sua primeira relação (afirmação de virilidade). Para as meninas, o sexo é conseqüência de um compromisso sério (que não precisa levar ao casamento) e o namorado é o parceiro ideal. Nós adultos sabemos o quanto a primeira experiência vai nortear a sexualidade futura deles e devemos nos apressar (eles não) em tentar mostrar-lhes que o momento da primeira relação sexual deva ser mais do que um encontro de corpos. Nós não somos só corpo, somos também alma e que também precisa de carinho e cafuné. Sem dúvida nenhuma, o prazer do sexo fica melhor se incluir corações e mentes.
A PRIMEIRA VEZ A GENTE NUNCA ESQUECE!
Há uma quantidade imensa de estudos sobre sexualidade em que o questionamento maior não é a idade em que deve acontecer e sim onde? Ainda são poucas as famílias que permitem que seus filhos(as) durmam com os namorado(a) em casa (20,7%), sendo que é mais fácil aceitar que o filho durma com a namorada (ele é o macho) do que o contrário (a filha tem que parecer recatada). Embora todos saibam que as meninas amadurecem mais cedo.
São tantas as dúvidas e dificuldades acerca de como encaminhar as questões da sexualidade com os adolescentes, mas existem verdades que nos ajudarão a traçar um caminho: fazer sexo faz parte da natureza humana, é saudável, e nossos filhos terão vida sexual independente de nosso desejo; fale de sexo com naturalidade, desde a infância; crie intimidade com seus filhos (assista a filmes juntos, converse sobre paquera, namoro…); fale claramente o que pensa, mesmo que as normas da família sejam restritivas, são esses os seus limites; eles têm o direito de não querer falar sobre a sua intimidade, mas é nosso dever orientá-los e uma conversa verdadeira, afetiva e sincera é o melhor jeito de ajudá-los para que eles vivam de forma responsável sua sexualidade e tenham uma lembrança agradável da sua primeira vez.