Inspirados na Campanha do “Outubro Rosa”de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama, desde 2014, um grupo de psicólogos de Uberlândia (MG) lançou a campanha do “Janeiro Branco” (que foi encampada pelos demais profissionais da área de saúde), que se destina à conscientização e à prevenção da saúde mental. A escolha do mês de janeiro tem um significado especial: é comum na virada e início de cada ano as pessoas refletirem sobre as suas vidas, reavaliarem seus propósitos, fazerem planos de buscar ter mais qualidade de vida, avaliarem seus relacionamentos… e, em razão disso, fica mais fácil propor que elas reflitam também sobre o seu equilíbrio emocional e saúde mental.
Ainda existem muito desconhecimento e preconceito acerca dos transtornos emocionais. Os números são alarmantes, só para citar alguns: a Depressão e a Síndrome do Pânico são consideradas o mal do século XXI, atingindo 350 milhões de pessoas; 1% da população mundial é acometida pela esquizofrenia. No Brasil, cerca de 6 milhões de pessoas sofrem de Transtorno Bipolar; 4% dos adultos e de 5% a 8% de crianças e adolescentes têm Transtorno de Déficit de Atenção; a taxa de suicídio e de Transtorno de Ansiedade tem crescido assustadoramente em todo o mundo.
O estresse da vida contemporânea tem sido um gatilho para diversas patologias. O medo e a violência têm nos adoecido emocionalmente, estamos cada vez mais fóbicos e ansiosos com as vivências da violência nas ruas e com as notícias divulgadas pela imprensa e pelas redes sociais de assaltos, crimes ou sequestro – 1 em cada 10 pessoas que viveram uma situação traumática desenvolvem o transtorno de Estresse pós-traumático. Muitas dessas doenças comprometem a capacidade laborativa das pessoas, provocam o afastamento delas do trabalho e reduzem a sua qualidade de vida.
Saiba que quando um amigo ou parente seu vai desesperado para o hospital, achando que ele está tendo um ataque cardíaco fulminante e que vai morrer e, logo depois de ser examinado pelo médico, recebe a notícia de que não tem problemas cardíacos, que seus sintomas são emocionais e que ele está tendo uma crise de pânico, ele não está mentindo e nem inventando doenças, ele de fato está sentindo o que diz sentir. Saiba também que, em outros momentos, ele pode voltar ao hospital com os mesmos sintomas e que só buscará tratamento especializado quando se convencer de que não está tendo um ataque cardíaco.
Então, chega de preconceito, discriminação, estigma e exclusão social! É preciso ficar claro que depressão não é frescura; transtorno de ansiedade não é coisa de gente mimada que quer tudo a tempo e a hora; bipolaridade não é desculpa para mau humor; suicídio não é coisa de gente fraca; déficit de atenção não é pretexto para justificar erros e baixo rendimento escolar; Toc não é falta do que fazer; alcoolismo não é falta de responsabilidade, é doença…
Nenhum de nós tem total controle de nossas emoções e ações! Nenhum de nós está livre de um dia vir a apresentar um transtorno emocional, e nem nossos filhos! A gente adoece emocionalmente da mesma forma que adoece fisicamente, por isso ter uma doença mental não é motivo de vergonha e nem escolha. Precisamos todos nos disponibilizar a aprender a lidar e a acolher os portadores de doença mental.
Neste domingo, dia 21, na Praça da República, das 9:00 às 12:00h, uma série de entidades ligadas à saúde e à educação estará desenvolvendo uma ação do Janeiro Branco. Vista uma camisa branca e venha participar desta programação. CUIDAR DA MENTE É CUIDAR DA VIDA!