SAÚDE DAS CRIANÇAS NA ERA DIGITAL

 

Você consegue imaginar a sua vida sem usar o seu smartphone? Com certeza, a vida de todos nós ficaria muito mais difícil se não contássemos com a ajuda deste valiosíssimo aparelho eletrônico. O celular ficou tão essencial em nossas vidas que, no ano passado, o Brasil já contava com 236,5 milhões de celulares em operação, o que corresponde a 113 aparelhos para cada 100 habitantes. Mas, apesar das inúmeras vantagens que eles nos proporcionam, o uso excessivo do celular, do tablets e computadores têm causado prejuízos à saúde e prejudicado o desempenho de adultos e crianças.

O contato das crianças com os aparelhos eletrônicos está sendo cada vez mais precoce – pasmem, alguns carrinhos para bebê nos Estados Unidos já vêm munidos de suporte para tablete. Embora muitos pais vejam nos celulares e tablets grandes aliados que ajudam a manter seus filhotes quietos (especialmente na hora das refeições, no carro e nos lugares públicos) e, até comentem com orgulho o fato da sua cria já possuir muita habilidade no manuseio dos equipamentos, nós, profissionais da área da saúde, temos alertado sobre os prejuízos que isso tem causado às crianças.

Os primeiros anos de vida são fundamentais para as crianças estabelecerem vínculos e para a aprendizagem. Elas precisam da interação humana – do olhar, do cheiro, do toque e da fala – para crescerem e se desenvolverem de forma adequada. Por exemplo, a hora das refeições pode ser um momento muito especial de conversa, em que os pais falem sobre o que ela está comendo e da importância dos alimentos, contem histórias, façam brincadeiras, percebam suas preferências alimentares, treinem a coordenação motora deles e, acima de tudo, que seja um momento de interação, carinho e amor. Portanto, não é adequado ligar o tablete para distrair as crianças enquanto elas se alimentam.

A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que o contato das crianças com os aparelhos eletrônicos não ocorra antes dos 2 anos; que dos 2 aos 3 anos o tempo online pode ser de até 30 minutos por dia; dos 4 aos 6 anos de até 1 hora; que o horário e o tempo de acesso dos filhos sejam proporcionais às idades e às etapas de desenvolvimento, assim como o conteúdo acessado por elas deve ser controlado (até os 6 anos às crianças não conseguem separar fantasia da realidade, sendo necessário um cuidado redobrado para protegê-las da violência virtual).

Outro erro muito comum cometido pelos pais é o de permitir que as crianças fiquem brincando de joguinhos ou vendo filminhos no celular antes de dormir. Manusear a tecnologia digital na cama vai fazer com que elas demorem a dormir, pois a luz emitida pelos eletrônicos interfere na produção da melatonina, hormônio que prepara o corpo para dormir – a claridade da tela confunde o cérebro fazendo com que ele entenda que ainda é dia, quando na realidade já é noite e com isso o relógio biológico fica desregulado.

Aprender a lidar com os recursos tecnológicos é bom e necessário, mas os pais devem priorizar oferecer aos filhos opções de diversão em que eles possam interagir com outras crianças, correr, brincar, jogar, suar e partilhar normas e valores sociais. Para que os nossos filhos aprendam a lidar com a tecnologia digital precisamos dar o exemplo, controlando nosso tempo de utilização do celular e do computador quando estamos em casas, pois só assim saberemos orientá-los para que eles aprendam a usá-los no tempo adequado.  Diálogo e vigilância são necessários para garantir a saúde dos nossos filhos na era digital!

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