Há alguns anos, foi apresentado um workshop interessantíssimo num Congresso Brasileiro de Terapia de Família, cujo tema era “QUEM LHE ENSINOU O QUE ERA O AMOR NESSA VIDA” e me chamou muita atenção o fato de que, no trabalho apresentado, outras pessoas além dos pais – que, como era de se esperar, mãe aparece em primeiro lugar e o pai vem em seguida nas pesquisas – figuravam como desempenhando esse papel. Assim, irmãos, madrinhas, avós, tios, professoras, vizinhas, babás, uma amiga mais velha, um namorado… apareciam como a principal referência amorosa. A partir daí, eu passei a incorporar esse questionamento, em forma de exercício nos cursos em que ministro aulas e na forma de reflexão no consultório, sempre com os mesmos resultados.
Para uma criança crescer e se desenvolver de uma forma saudável é necessário que ela seja e se sinta amada por alguém e, como os pais são referência primária de amor e afeto e modelos de identificação, ser ou não amada por eles interfere absurdamente no seu desenvolvimento biopsicossocial. Para um filho se sentir amado é preciso bem mais do que receber coisas materiais; é preciso que se sinta incluído e aceito na vida dos pais; é necessário receber colo, carinho e aconchego…é fundamental aprender com eles o que é o amor.Só sabe amar quem se sente amado!
“AMAR SE APRENDE AMANDO”
Parece que toda essa urgência da vida moderna que nos faz correr o dia inteiro para poder dar conta de tantas tarefas e pendências, vem nos tornando econômicos nos elogios e nas declarações de afeto, reservados nas demonstrações de amor e descrentes do verdadeiro sentido da amizade. Reclamamos com muita freqüência e facilidade da vida, exigimos muito dos outros, cobramos perfeição inclusive de nós mesmos, carregamos muita culpa, agradecemos pouco e amamos com reservas. Na verdade, temos medo de amar, de sofrer e de perder a liberdade.
A vivência do amor é que nos faz aceitar quem somos, a sermos fiéis à nossa essência, a acreditarmos em nosso potencial criativo, a viver desejos e realizar sonhos. A esperança gira a roda do mundo mas é o amor que nos movimenta nos caminhos do bem, do ético e do moralmente aceitável.Todos nós desejamos amar e ser amados e para que isso ocorra é necessário que estejamos realmente disponíveis para incluir as pessoas na nossa vida, valorizando-as e respeitando-as.
OBRIGADA MÃE
Incluindo-me na pesquisa, tenho a sorte de declarar que foi principalmente e não exclusivamente, com a minha mãe que eu e todos os meus irmãos (Toninho, Mickey, Beka (que já se foi), Alcyr, Milde e Amaury) aprendemos o que era o amor. Você mãe, é o nosso principal modelo de identificação e de aprendizado para quase tudo nessa vida. Hoje, dia 31 de agosto, você completa 90 anos e temos a consciência que poucos filhos têm a sorte e o privilégio de conviver por tanto tempo com a sua mãe de uma forma tão doce, lúcida e amorosa.
Com você mãe, aprendemos o exercício da generosidade, aprendemos a ser sensíveis às dores do próximo, aprendemos a cultivar as amizades, aprendemos a acreditar em possibilidades, aprendemos a ter fé, aprendemos a gostar de música e de poesia, aprendemos a ser livres para amar e, muito mais do que isso, aprendemos que merecemos ser amados.
Nesses 90 anos de amor à vida, a senhora ampliou seu leque de filhos e outras pessoas queridas passaram a lhe chamar e ter como uma mãe, que a todos acolhe e conforta. Você se lembra desse versinho: “A Naninha não tem pés, não tem braços, não tem mãos. Coitadinha da Naninha foi nascer só coração”? Pois é mãe, ele é pra você hoje e sempre. Obrigada por você existir na vida de todos nós. Sua benção, Naninha!