O dia 31 de dezembro marca a virada do ano, e o começo de um novo ano civil está próximo e, eu imagino que para maioria de nós, vai ser um alívio poder virar a folhinha do calendário. Que ano! 2020 vai sem deixar saudades, muito pelo contrário, vai deixando um rastro de mais de 190.000 mortes no Brasil (e olha que esses dados estão subnotificados), com muitas pessoas lidando com as sequelas da covid, como aumento absurdo da taxa de desemprego, com muitos negócios fechados e com um aumento grande no número de pessoas acometidas por transtornos de ansiedade e depressão.
Por tudo o que vem acontecendo nesse ano de pandemia, 2020, também, foi o ano de muitas revelações. Podemos perceber quem foram as pessoas solidárias nos momentos de precisão; quem se cuidou e protegeu os outros; quem exercitou a caridade e o amor ao próximo; quem contribuiu com a nossa paz e tranquilidade; quem nos causou problemas; enfim, quem agregou valor em nossa vida. A vida sempre mostra os caminhos, mas precisamos estar atentos para ver!
O fim de um ano sugere o fim de um ciclo, mas, infelizmente, nossos problemas não se encerram com a mudança de calendário – a pandemia continua e todas as nossas circunstâncias permanecem. Porém, quando desejamos um Feliz Ano Novo para alguém, desejamos um ano bom, um ano em que a esperança, a renovação e a mudança estejam presentes, mas nada acontece de novo se a gente não mudar e continuar fazendo as mesmas escolhas e tendo os mesmos padrões de comportamento. O verdadeiro ano novo precisa acontecer dentro da gente, despertar novas sensações, sentimentos e atitudes.
Eu acredito que 2021 pode ser o ano da forra. Não sei em que mês a gente vai poder deixar de usar máscaras e transitar mais livremente sem medo de se contaminar e contaminar outras pessoas – eu sonho com a vacina e vejo nela a possibilidade de ter a minha vida de volta: de refazer caminhos, de andar por lugares diferentes, de abraçar muito, de tocar nas pessoas, de beijar, de poder viajar com segurança, de visitar parentes e amigos, de inventar motivos para celebrar a vida e distribuir colo, carinho e aconchego.
Penso que um grande aprendizado de vida para nós todos nesse ano que está findando foi o de perceber e buscar estabelecer vínculos de reciprocidade, e isso vale tanto para as amizades como para os relacionamentos amorosos. Chega de estabelecer vínculos com pessoas que não sabem partilhar afetos e que não investem no amor, no carinho, na delicadeza e no respeito às diferenças como uma conquista de todos os dias.
Que 2021 seja um ano de lutas e conquistas; que não nos falte esperança, fé e amor para continuarmos caminhando e que a gente consiga resgatar nossa saúde e a alegria de viver. E que, quando na virada do ano, a gente olhe para o céu e perceba o que Ferreira Gullar disse em seu poema: “… nada ali indica que um ano novo começa, nem no céu, nem no chão do planeta: começa no coração. Começa como a esperança de vida melhor que entre os astros não se escuta, não se vê e nem pode haver. Que isso é coisa de homem, esse bicho estelar que sonha (e luta)”. Feliz 2021 para todos nós!