Existem situações e pessoas que a gente gostaria que não tivessem acontecido na nossa vida mas como não é saudável fazer de conta que nada aconteceu quando de fato aconteceu e nem dá pra fazer o tempo andar para trás, o melhor mesmo é a gente tomar consciência do que está sentindo, respeitar nossos princípios, crenças e valores e, de coração aberto, enfrentar a realidade com serenidade.
O certo é que todas as nossas escolhas na vida tem conseqüência e, em se tratando de um relacionamento afetivo, quando escolhemos bem vivemos mais próximos da alegria e da felicidade; quando erramos na escolha e somos desrespeitados no afeto, acabamos por conviver com a deslealdade e o desamor. Momentos e pessoas assim como podem se tornar recordações eternas, também podem desaparecer de nossa memória. Só permanece em nossas lembranças afetivas quem merece ser lembrado, quem construiu junto com agente uma história de carinho, lealdade e solidariedade.
As ilusões derivam dos desejos
Apesar de todo mundo saber que a paixão compromete a lucidez e nos faz ver o outro de uma forma idealizada – ele é tudo o que eu sempre quis – parece que às vezes exageramos na idealização (com a ajuda do outro, lógico) e também esquecemos o quanto o nosso desejo interfere em nossas escolhas amorosas. Por estar apaixonado, você se disponibiliza de corpo e alma para viver essa entrega amorosa que lhe parecia perfeita, até que as circunstâncias da vida lhe mostram o quanto você se enganou.
A desilusão vem com o conhecimento e com o convívio com a outra pessoa. Manter um relacionamento requer bem mais do que receber flores e ouvir “eu te amo”, mesmo que dito com freqüência. É preciso que as pessoas se sintam mutuamente recompensadas com a convivência. Algumas vezes, mesmo descobrindo que o outro acrescenta pouca coisa na sua vida, é difícil romper com um relacionamento amoroso e, para que isso aconteça, a razão e a emoção necessitam fazer um acordo e você possa desconstruir racionalmente a imagem do outro que você mesma construiu, movida pela paixão. É necessário que você recorra à memória da experiência e que também se acostume com o desapego e assim poder viver o silêncio da paz recuperada, sabendo que mais lá na frente, você vai voltar a ouvir o barulho do seu coração marcando uma nova cadência na vida.
Deslembrança
Assim como você não deve se esforçar para gostar de alguém, pois o amor precisa acontecer naturalmente, você também não deve se esforçar para tentar esquecer uma pessoa, aliás, isso nem funciona, pois no esforço para tirar o outro do seu pensamento você acaba pensando mais ainda nele. O esquecimento vem com o tempo, com a desimportância do outro na sua vida, com o estabelecimento de novas prioridades e com a certeza de que não há mais motivos para tentar manter o relacionamento. Exercite o desapego e não se mantenha presa ao rancor, à raiva, á magoa, à vingança e ao desejo de que tudo tivesse sido diferente.
Dê tempo ao tempo! Vire a dor pelo avesso; sacuda a tristeza; desocupe o coração; balance a cabeça; movimente o corpo e faça como na canção “Sem Aviso” (Francisco Bosco e Fred Martins): “anda, tira essa dor do peito, anda. Despe essa roupa preta e manda seu corpo deslembrar”. Para esquecer, é preciso lembrar… depois vem a deslembrança… desde que você permita que o seu coração seja morada da esperança de um novo tempo, em que você não vai mais sentir falta e nem saudade de um amor que já acabou e que talvez nem mereça ser lembrado. Bom mesmo é aprender com os erros e voltar a sentir o afeto correndo nas veias e o coração pulsando por outro alguém, que verdadeiramente mereça ser amado.