OBCECADOS POR DOENÇAS

Algumas pessoas vivem e respiram doenças: passam o tempo todo pensando e falando nisso! Têm uma preocupação exagerada com seu estado de saúde, concentram sua atenção no funcionamento do seu corpo e percebem qualquer alteração fisiológica, mesmo que mínima, o que elas interpretam como sendo um sinal de que algo de muito grave está lhe acontecendo. Assim, qualquer dor no peito é indicador de infarto; dor de cabeça sinaliza tumor ou meningite; tosse é proveniente de tuberculose ou câncer no pulmão… só pensam em desgraça e têm a certeza de que são portadores de doença grave (pelo menos uma).

Essas pessoas são portadoras de um distúrbio psiquiátrico – a hipocondria. Vivem constantemente consultando especialistas e se submetem a todos os exames possíveis, que nada atestam. Não se conformam com isso! Mudam de médico, refazem os exames, pois não aceitam ser questionados em suas queixas, além do que nenhum esclarecimento médico consegue abalar a certeza de que são portadores de uma doença grave. Sentem-se incompreendidos por todos que insistem em lhes dizer que eles não têm nada ou que seus problemas são psíquicos! Essa situação lhe parece familiar?

“CYBERCONDRIA”

Na busca de confirmarem suas mazelas, encontram na internet uma grande parceira. Pesquisam tudo sobre doenças na rede e já chegam nos consultórios médicos com um calhamaço de papel impresso com a descrição das doenças que imaginam ter e entregam ao médico (e ainda ficam muito chateados se o Dr. fizer pouco caso de sua pesquisa). Eles já sabem o seu diagnóstico e o nome dos remédios de última geração que devem tomar. O que eles fazem ali, então? Procuram aliados, alguém que carimbe as suas certezas. Quando se vêem contrariados, partem em busca de outros especialistam.

Também têm por hábito se auto medicarem (o que é gravíssimo), tomam remédio com freqüência e sem prescrição médica (geralmente passam a sentir todos os sintomas descritos nas bulas). As estatísticas revelam que de cada três remédios comprados nas farmácias, dois são sem receita médica. Não é à toa, que a indústria farmacêutica é a segunda mais lucrativa do planeta e nós brasileiros ocupamos o 5º lugar em consumo de medicação. Mais uma triste estatística essa nossa!

A DOENÇA É IMAGINÁRIA

O hipocondríaco geralmente tem dificuldade em lidar com pessoas ou situações que fujam do seu controle, por isso concentra sua atenção no seu próprio corpo, tornando-o depositário de outras dores: o sofrimento psíquico (das perdas que teve na vida; das paixões não vividas ou interrompidas; dos dramas cotidianos; das dificuldades relacionais…). O portador desse transtorno desvia-se da realidade tornando-se pessimista (só pensa  em desgraça), egoísta (só olha pra si) e culposo (a doença funciona como um castigo). Mesmo pessoas reconhecidamente geniais, como o diretor do cinema americano Woody Allen, assumidamente ansioso e hipocondríaco, padecem desse mal.

No fundo, o hipocondríaco é uma pessoa extremamente carente e que encontra na doença uma razão para receber cuidado e atenção. A crença na doença interfere no seu cotidiano e atrapalha a sua vida pessoal e profissional. Procurar ajuda especializada é fundamental para que se possa elaborar os sentimentos e conflitos que desencadearam esses sintomas. Deve, ainda, procurar cultivar hábitos saudáveis e encontrar outros meios de ser acarinhado. A doença é imaginária, mas o sofrimento é real (ele sente a dor da qual se queixa, não há fingimento nenhum de sua parte). Se você tem um comportamento hipocondríaco, um dia você poderá de fato adoecer e correrá o risco de não ser levado a sério em suas queixas.

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