O QUE DE FATO ACONTECEU NO COLÉGIO GOYASES?

 

No dia 20 de outubro, em uma escola particular em Goiânia, um adolescente de 14 anos vítima de ofensas de alguns colegas de sua turma que o chamavam de fedorento, espalhavam que ele não gostava de tomar banho e inclusive chegaram a presenteá-lo maldosamente com um desodorante, roubou a pistola dos pais (ambos policiais militares) que estava guardada em uma gaveta trancada com chave (ele vasculhou a casa até encontrar a chave) e atirou 11 vezes em várias direções na sala onde frequentava e acertou em 6 alunos, dentre os quais dois morreram.

Segundo depoimentos do adolescente atirador aos órgãos de justiça, ele declarou que “era vítima de bullying e que um colega o estava amolando” e que resolveu pegar a arma dos pais apenas para dar um susto nos colegas. Afirmou ter “ficado dois meses planejando a ação e se inspirado em outros massacres a colégios, praticados por jovens vítimas de bullying, como no caso de Columbine no Colorado, em que dois estudantes mataram 13 pessoas, feriram 21 pessoas e depois cometeram o suicídio e o de Realengo no Rio de Janeiro, em que um ex-aluno matou 12 pessoas e depois também se matou.

Tudo o que sabemos a respeito dessa tragédia é o que está sendo divulgado pela imprensa. Alguns jornais noticiaram que “colegas de sala do estudante afirmam que ele falava muito que era admirador do Hitler e que ameaçava matar os colegas ou dizia que pediria para os seus pais, que são policiais, mandar matá-los”. Segundo também relatos da coordenadora da escola no programa “Fantástico” em que ela afirmou que “conseguiu convencer o atirador, que portava um novo cartucho de munição, a não recarregar a arma e isolou o adolescente na biblioteca até a chegada dos policiais”.

Para que fique bem claro, bullying são todos os atos de violência física ou psicológica, que ocorram de forma repetitiva, que tenham a intenção de provocar danos contra pessoas que não têm condição de reagir às agressões sofridas por não disporem de recursos internos e habilidades para fazer cessar as agressões. O mais comum é as vítimas de bullying reprimirem a dor, apresentarem recusa em ir à escola, isolarem-se, deprimirem, tentarem o suicídio e até se matarem por não conseguirem suportar tanta rejeição e sofrimento. Dor reprimida aumenta, a fala tem o poder de diminuir o sofrimento.

Os adolescentes têm necessidade de pertencer a um grupo social, de serem aceitos e aprovados pelos colegas. É muito humilhante para eles se encontrarem em uma situação em que não conseguem reagir, por isso se calam e ficam atados a dor e ao sofrimento; muitas vezes não conseguem contar nem para os pais porque sentem uma culpa imensa por desapontá-los e não conseguir ser forte e resolver seus problemas. Vivem num vazio e sentem-se uma nada!

Não sei se o estudante do Colégio Goyases foi vítima de bullying? Não sei há quanto tempo as ofensas vinham acontecendo? Não sei o quanto ele ameaçava os colegas? Mas, com certeza, as humilhações praticadas por seus colegas serviram de gatilho para que ele disparasse contra a sua turma, porém, sua reação foi cruel, calculada, planejada e desmedida, o que atesta a sua falta de equilíbrio emocional, a sua baixa tolerância à frustração, seu alto nível de agressividade e a desimportância que ela dava a sua vida e a dos outros.

Quanto a nós, além de rezar pelas vítimas, pelo jovem que praticou este ato insano e por seus familiares, precisamos ensinar aos nossos filhos a respeitar às diferenças e a denunciar todos os atos discriminatórios que aconteçam com eles ou com os outros, e que deixam cicatrizes profundas na alma e podem provocar mortes.

 

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