Amanhã, dia 8 de março, é comemorado o dia internacional da mulher e, com certeza, nós temos muitos motivos para celebrar esse dia. Nas últimas décadas conseguimos ampliar (e muito) nossa inclusão no mercado de trabalho, na vida política e em outras áreas antes reduto privativo dos homens. Já somos 51% da população brasileira; somos 47,2% dos trabalhadores; somos as principais responsáveis pela manutenção de1/3 dos lares brasileiros; ocupamos 57,12% das vagas nas universidades (incluindo graduação, mestrado e doutorado); somos presença cada vez maior nos cargos de direção e na vida política brasileira.
Mas, apesar de tantas conquistas, também somos parte de uma triste estatística: a cada 15 minutos uma mulher é vítima de violência doméstica. Diariamente, mulheres são assassinadas, no Brasil, por seus maridos e namorados (neste exato momento ouço na televisão a manchete do Amazônia Jornal-“marido mata mulher a martelada”). É a agressão do forte contra o fraco e com o agravante de que o agressor está dentro de casa, subjugando a mulher, humilhando, oprimindo e construindo uma historia de perversidade no cotidiano. Provavelmente, muitos agressores cresceram vivendo a violência dentro de casa e aprenderam ser essa a forma de expressar sua raiva e resolver conflitos.
A ilusão de que o amor tudo pode
Antes da agressão física os abusos costumam ser verbais e psicológicos. Começam com criticas públicas, desqualificações, humilhações e ofensas (você é burra, só fala besteira, não faz nada direito) ou também pode ter início com cenas de ciúme onde as mulheres são chamadas de safadas, piranhas… e, reagindo ou não, terminam apanhando. Depois das brigas vem o pedido de perdão e a promessa de que isso não vai acontecer de novo. Mas, acontece!
Mesmo sendo repetidamente vítima de violência, a mulher se mantém na relação e não denuncia o parceiro agressor ou porque tem vergonha e medo de se expor a um escândalo (especialmente as de classe social alta), ou porque acredita que apesar das agressões o seu parceiro é uma pessoa boa, que lhe ama e que só não está conseguindo controlar sua raiva ou ciúme; pensando assim ela acredita que pode curar o parceiro agressivo com seu amor. Quanta onipotência e ilusão! Às vezes, só depois de muitos anos é que a mulher percebe que só o amor não é capaz de curar agressão (é preciso buscar ajuda psicoterápica) e ter coragem de pedir socorro, buscar ajuda e denunciar o agressor. Mesmo sendo vítima de tantas agressões a mulher não consegue deixar de se sentir culpada por não ter conseguido fazer o seu parceiro mudar de conduta.
O fim do silêncio
A violência contra a mulher é crime e deixa seqüelas no corpo e na alma. É preciso romper o silêncio, denunciar a violência, fazer valer os seus direitos e lutar para que o agressor seja julgado e punido. A mulher que é vítima de violência e não denuncia o agressor torna-se cúmplice da situação (além de vítima), pois o silêncio garante a impunidade de homens que continuarão agredindo e até matando mulheres. Saiba que o parceiro agressor pode ser preso, graças à Lei Maria da Penha, uma mulher que virou símbolo da luta das mulheres contra a violência doméstica, por ter conseguido a condenação do marido que tentou assassiná-la por duas vezes.
O papel da mulher no mundo é estar ao lado do homem, construindo uma história de amor, parceria, solidariedade e amizade. Um casal que vive a violência doméstica jamais vai conseguir viver o amor maduro e, muito menos, haverá espaço para se viver em paz e ter felicidade. Vamos comemorar o dia Internacional da Mulher lutando contra a violência doméstica.