O medo persegue a vida dos tímidos.

 

A timidez é um dos mais sérios problemas que nos impedem de nos desenvolver de forma plena. Embora quase metade da população mundial seja composta de tímidos, existe uma cobrança social muito grande para que elas funcionem de outra maneira.

A timidez é uma sensação de impotência na presença de outras pessoas e um medo crônico de fazer algo errado, pela falta de confiança em si e nos outros.      O tímido não se expõe muito aos desafios da vida. Fecha-se em seu mundo e não interage com os outros, como forma de se preservar. Geralmente é uma pessoa sensível e tem muita dificuldade em lidar com exigências e críticas. Tem vergonha de se aproximar dos outros pelo medo de não ser aceito. Costuma ter poucos amigos e tem uma vida social limitada. Situações novas o apavoram. Expor suas idéias, falar em público, aproximar-se do sexo oposto, questionar, dirigir-se a um desconhecido… Tudo isso está fora de cogitação – é torturante!!!

O grau de timidez depende das circunstancias do nosso dia-a-dia. Em determinadas situações sociais, algumas pessoas utilizam bebidas alcoólicas e drogas para se desinibir. Cuidado! Estas sensações são passageiras e em vez de ajudar complicam, pois além de não resolver seu problema, as conseqüências podem ser muito graves.

Por não conseguir olhar nos olhos dos outros e muitas vezes se isolar não se comunica e  acaba  passando uma imagem de arrogante. Ledo engano!

A timidez ocasiona dificuldades e não impossibilidades. Lembre-se disto!

Quais as causas da timidez?

As causas da timidez, geralmente, têm origem na infância muitas vezes por terem sido muito exigidos e cobrados pelos pais e aumentam no início da adolescência, em função das modificações físicas e emocionais e podem ser características adaptativas de um determinado período.

As causas da timidez são complexas e fazem parte da evolução do “eu”. Uma educação muito rígida, punições físicas humilhações públicas, desqualificações constantes, restrições ao convívio de outras crianças, presenciar agressões físicas e/ou verbais na família, descontrole emocional dos pais, violências psicológicas de um modo geral… Tudo isso é muito ameaçador e pode gerar ou alimentar a timidez.

Estas experiências desenvolvem a percepção do “eu” como sendo frágil e sujeito a crítica dos outros. Somos fruto de todas as experiências pelas quais passamos, umas deixam marcas indeléveis, outras, cicatrizes.

Porém tudo isso só terá ressonância quando o auto-conceito  for de desvalorização. Se crescermos nos sentindo rejeitados e mal-amados, provavelmente, nos tornaremos adultos desvalorizados, inseguros, com baixa auto-estima e com enormes dificuldades em lidar com a possibilidade de fracasso.

A timidez é doença?

A timidez não é doença, é um traço de personalidade. Devido ao valor cultural que se atribui a ela (o mundo é dos espertos), acaba produzindo sofrimento e trazendo prejuízos enormes à qualidade de vida das pessoas.

O grau da timidez varia “do ficar errado, sem jeito” em determinadas situações; à timidez crônica,  que afeta quase todas as áreas da vida da pessoa; até a “fobia social” –  esta sim é mais grave e caracteriza-se por um medo excessivo de humilhação ou embaraço em vários contextos sociais, impedindo a pessoa de realizar as coisas mais simples do dia-a-dia, como falar em público e comer na frente dos outros.

Por ocasionar sofrimento, infelicidade, insegurança, sentimento de inferioridade, produzindo prejuízos sociais, a questão da timidez acaba recebendo da psiquiatria uma atenção de doença, embora seja uma característica de personalidade, um padrão de comportamento.

O mais importante é você saber que é possível superar a timidez e ter uma vida “normal”.

O que os outros vão pensar de mim ?

Este é o questionamento crucial na vida de um tímido. Todo e qualquer tipo de preocupação passa pela elaboração de uma fantasia, de projeção da nossa imaginação. Mesmo assim, essa fantasia  é importante por existir e interferir na nossa vida e na maioria das vezes determina nossa conduta.

Sabemos que a timidez tem um parceiro constante – o medo. O medo de não ser aceito, de fracassar, de não conseguir superar os obstáculos, de não conseguir se relacionar… E em última instância, de não ser amado.

Porém, é sempre bom lembrar que  o medo que nos protege, nos fazendo ter cautela e fugir do perigo. Precisamos aprender a manter esse medo sob controle, não deixando que a nossa imaginação crie mais do que deve.

Se você se convencer de que não é o alvo de todos os olhares e de todas as expectativas de desastres e vexames quando chega em qualquer lugar, e que o mundo não está voltado para você, talvez desista de outorgar ao outro um papel de juiz, ou quem sabe de um algoz pronto a lhe julgar e condenar.

Há um tempo em que precisamos aprender a apenas ser, sem maiores explicações… Sem precisar nos justificar para o mundo. Dispa-se da fantasia e vista-se de amor por você!

Tímidos famosos 

            Pense em alguém que é considerado um dos principais artistas brasileiros de todos os tempos, expressão máxima na música, na poesia, na literatura… Envolvido no combate cívico e comprometido com a dignidade da vida. Admirado pelos homens e amado pelas mulheres! Caetano Veloso o define como sendo elegante, discreto, generoso… Chico César diz “que ele é a denúncia de nossas imperfeições”.

Você já sabe de quem se trata? – Tenho certeza que lhe veio na lembrança o nome do Chico Buarque. Ele tem no seu jeito tímido uma característica que encanta e faz as mulheres suspirarem (inclusive eu!).

Outro tímido assumido, nosso querido escritor Luis Fernando Veríssimo, em sua crônica Carta aos Tímidos diz: “… no fundo, a timidez é uma forma extrema de vaidade, pois é a certeza de que onde o tímido estiver ele é o centro das atenções…”.

Os tímidos também podem fazer o maior sucesso!!!

E viva as diferenças ! 

Não existem duas pessoas absolutamente iguais. São tantas as nossas diferenças… Elas nos tornam únicos, especiais e constituem a nossa identidade.Tentar ser igual aos outros, copiar fórmulas é empobrecer nossa existência. Se você é tímido, não se esforce para parecer extrovertido, parecerá artificial – este não é você.

O que devemos fazer é procura nos melhorar,  nos aspectos que nos atrapalham,  nos incomodam e dificultam nossa vida. Para isso, precisamos modificar nossas crenças acerca de nós mesmos  e dos outros. Substituir os preconceitos por um novo conceito, incorporar dados de realidade, diminuir as fantasias, dar menos importância ao que imaginamos que os outros pensam a nosso respeito e aprender a ampliar possibilidades. Perceber que a mudança pode trazer mais prazer e felicidade.

Além do que, o mais importante na vida são os valores éticos, morais e de caráter e não características de personalidade.

Todos nós, tímidos ou não, precisamos nos engajar na construção de um novo tempo. Um tempo sem preconceitos, onde as diferenças sejam respeitadas. E como diz nosso poeta Chico Buarque, criar o tempo da delicadeza…

 

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