O lado perverso do trabalho

Se você trabalha e tem chefe, como é a sua relação com ele? Se ele é uma pessoa agregadora, que sabe elogiar e reconhecer seus méritos, incentiva a cooperação entre a equipe, sabe delegar e mostra-se disponível para orientar quem precise na realização das tarefas; é alguém focado na obtenção de resultados sem esquecer que trabalha com pessoas e que, para que as coisas aconteçam, é necessário que haja um clima de harmonia e amizade entre os empregados… Então, sorte sua! Saiba que cerca de 40% dos trabalhadores no Brasil já sofreram ou sofrem de assedio moral por parte de seus chefes.

O assédio moral são atitudes abusivas de chefias com relação a seus subordinados, que são vítimas de humilhações e constrangimentos repetidamente. Normalmente se manifesta por meio de piadinhas, insinuações maldosas, apelidos, constrangimentos públicos… e pode se transformar em verdadeira perseguição, onde ele  agride  sua vítima por qualquer motivo, atrapalha o andamento de suas tarefas, sonega informações importantes, desqualifica, ofende… e ameaça constantemente de demissão. Na verdade, o que ele deseja é a desestabilizar emocionalmente o seu subordinado a tal ponto que ele não resista e peça demissão.

Tortura psicológica

O assédio moral causa danos à saúde física e emocional do trabalhador. Provoca angustia, estresse, crise de choro, alterações no apetite e no sono, diminuição de libido, baixa auto-estima, hipertensão arterial, distúrbios digestivos, depressão, alcoolismo, uso de drogas… Os abusos diários provocam danos à identidade, faz com que a pessoa passe a ter uma imagem cada vez mais negativa de si mesmo e, é claro, compromete a sua produtividade, adoecendo e deixando de comparecer ao trabalho, o que provoca ainda mais a perseguição em torno dela.

O assédio com as mulheres, muitas vezes, tem início com abordagens de caráter sexual e, com mais facilidade, elas comentam e contam pra alguém o que está acontecendo; já os homens, envergonham-se, tem dificuldade em falar, sentem-se fracassados e atingidos em sua masculinidade. Em conseqüência disso, mudam sua conduta no trabalho e fora dele: tornam-se tensos, arredios, isolam-se e, principalmente em casa, irritam-se muito facilmente a ponto de explodir com a companheira e os filhos por pequenas coisas.

O chefe vira réu

A vítima do abusador normalmente é alguém que tem dificuldade de reagir ou porque tem necessidade de se manter no emprego ou porque não dispõe de recursos internos para se contrapor a alguém que, ao assumir uma chefia, se deslumbra com o poder e necessita abusar dos outros para encobrir seu sentimento de inferioridade, insegurança e desvalia.

Mesmo que a política da empresa seja pressionar os empregados para atingir metas e produzir lucros, nada justifica a presença de um “chefe torturador” em seu quadro funcional. Se em seu ambiente de trabalho acontecem casos de abuso moral não compactue com isso. O maior entrave em denunciar os abusadores e levá-los à justiça é a dificuldade de reunir provas e testemunhas. Se hoje é um colega seu que sofre o assédio moral, amanhã a vítima pode ser você!

Felizmente, muitos casos têm chegado à justiça, com condenação das pessoas que praticaram assédio moral e vêm servindo de exemplo para coibir um dos piores males das relações do trabalho, que tem se intensificado e atingido porções alarmantes, a ponto de se transformar numa questão de saúde pública.

 

 

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