Nós vivemos, já faz algumas décadas, constantes e significativas mudanças nas configurações e dinâmicas das famílias e isso é tão perceptível que até os comerciais de margarina, que – anteriormente mostravam um exemplo típico da família tradicional com pai, mãe e filhos, tomando o café da manhã amorosamente juntos -, percebendo essa nova realidade, mudou o seu foco: hoje é o garotinho (filho) interagindo com o namorado da mãe… Essas mudanças aconteceram, principalmente, porque as separações se tornaram mais freqüentes e ocorrem cada vez mais cedo e o número de recasamentos também aumentou.
Assim, hoje as famílias não só comportam novos arranjos como também se constituem mais por laços afetivos do que biológicos; tornaram-se cada vez mais flexíveis, plurais e inclusivas, permitindo com isso que os casais vivam a era “dos meus, dos teus e dos nossos”. Em meio a tantas transformações familiares, observa-se que: o casal tem menos filhos (no máximo dois); a criança tem menos irmãos e primos; convivem com vários avós; surgem os “meio irmãos” (irmãos filhos do pai ou da mãe com outros parceiros) e os filhos de relacionamentos anteriores dos companheiros de seus pais , dependendo do grau de convivência e afetividade, também podem virar irmãos; interagem com mais adultos e isso inclui a mulher do pai e o marido da mãe e seus familiares.
SINAIS DOS TEMPOS
Provavelmente, a maior transformação na configuração familiar se deu em decorrência da entrada da mulher no mercado de trabalho, pois ao adquirir sua independência econômica conseguiu a sua libertação – muitas mulheres preferem enfrentar a vida sozinhas a viver um casamento insatisfatório, sem amor, sem carinho, sem respeito e sem tesão. A independência financeira feminina também libertou os homens de serem os eternos e únicos provedores da família e, ao dividirem o sustento da casa, passaram também a dividir a responsabilidade com a criação dos filhos.
Com essa nova configuração de famílias separadas, recasadas e homoafetivas, constata-se o crescente aumento de mães e pais que criam filhos sozinhos; de famílias chefiadas por mulheres; de pais que ficam com os filhos na separação; de irmãos que assumem um papel parental… e de casais gays que adotam filhos. Mas, o mais importante é que haja qualidade nas relações afetivas entre os membros da família.
APRENDENDO A DIVIDIR RESPONSABILIDADES
Os filhos de pais separados, em algum momento, vão conviver com os novos parceiros de seus pais e tomara que essas pessoas sejam, também, uma referência de cuidado e afeto para eles. É muito importante para os filhos, especialmente se eles forem crianças, que ao se separarem, os pais continuem a assumir o seu papel – de pai e de mãe – tendo a clareza de perceber que o papel de marido e mulher não existe mais, mas com os filhos a vinculação é eterna, o ideal é que eles procurem ter uma relação pelo menos de respeito permanente um com o outro.
A família continua sendo a maior referência de afetos, valores e princípios para todos nós e a principal responsável pela educação e formação de adultos saudáveis e maduros. O mais importante não é os pais permanecerem juntos na mesma casa e sim se comprometerem a dividir responsabilidades e se empenharem a criar os filhos em parceria; a exercerem a sua autoridade com flexibilidade e firmeza, estabelecendo limites e cobrando responsabilidades de suas crias e que também saibam acolher e respeitar os atuais parceiros de seus ex, afinal de contas eles vão conviver com os filhos e podem contribuir na educação deles. Vocês lembram o ditado que diz “quem meu filho beija, minha boca adoça”, pois é!