Recentemente, mais episódios de racismo ganharam espaço nas redes sociais e tiveram muita repercussão por envolverem pessoas famosas e queridas: a primeira vítima foi Titi, de 4 anos, filha adotiva dos atores Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank – uma mulher proferiu ofensas racistas à criança, chamando-a de “macaca horrível” e “cabelo de pico de palha” (o casal registrou queixa na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática); a segunda vítima foi a atriz Taís Araújo, casada com o ator Lázaro Ramos (ambos negros) que virou meme nas redes sociais após participação da atriz em um evento, no qual falou sobre os desafios de criar filhos no Brasil, por ser negra e ter filhos negros – os autores foram denunciados por crime de injúria racial.
E ainda tem gente que acredita que não há racismo no Brasil! Pesquisas revelam que, em nosso país, 71% dos negros foram vítimas ou presenciaram situação de racismo no último ano; 82% dos negros já ouviram uma frase racista pelo menos uma vez na vida; o percentual de negros assassinados no país é 132% maior que o de brancos; 85% dos ricos no Brasil são brancos e apenas 11% são negros e pardos. Milhões de pessoas são ofendidas, discriminadas, agredidas verbal e fisicamente, muitas até assassinadas por pessoas que se julgam superiores por ter a cor da pele e alguns traços físicos diferentes.
E tem muito mais, no relatório divulgado pela ONU sobre a realidade dos negros no Brasil, os dados apontam que: eles são as maiores vítimas de assassinatos, têm menor escolaridade, recebem menores salários, têm menos acesso ao sistema de saúde, são os que morrem mais cedo, são o grupo populacional mais presente no sistema prisional, ocupam menos postos no governo, são a maioria na taxa de analfabetismo… E se, além de negro, for mulher ou homossexual (ou os dois), aí mesmo que o preconceito impera.
É bom lembrarmos que o surgimento do racismo no Brasil teve início no período colonial, quando os portugueses trouxeram os primeiros negros para trabalharem como escravos nos engenhos de cana-de-açúcar. Algumas das mulheres negras eram escolhidas para trabalhar na casa dos Senhores de engenho, cuidando da casa e dos filhos da sinhá (até os amamentavam) e, como elas eram objetos dos desejos sexuais dos senhores, as mais bonitas eram escolhidas para serem concubinas e, por conta disso, eram vítimas de castigos violentíssimos ordenados pela sinhá (que além dos maus tratos e açoites, mandavam lhes arrancar todos os dentes).
E assim, nós brasileiros viramos a mistura de todas as raças, nós somos frutos da miscigenação. Todos nós, se formos verificar nossas origens, vamos descobrir em algum lugar a presença do negro e do índio na nossa família (isso sem falar nas demais raças presentes na vida do nosso povo). A história do Brasil é um testemunho claro das nossas origens. Vamos aprender a crescer com as diferenças! As pessoas precisam se conscientizar da importância dos negros e de sua cultura na formação do povo brasileiro.
Os atos de racismo são uma representação clara da intolerância. O preconceito revela o desajuste de quem não consegue respeitar as diferenças e demonstra que essas pessoas precisam buscar uma autovalorização através da desqualificação dos outros, lançando mão de falsos juízos ou pré-conceitos tendo por base as diferenças biológicas entre os povos. O racismo é crime! Combatê-lo deve ser um compromisso de todos nós. Não basta não ser racista, é necessário ser antirracista. Devemos. Diga não ao racismo!