Ninguém faz melhor do que eu

Sabe aquela dona de casa que não pára empregada na casa dela (nenhuma presta)? E a esposa que azucrina a vida do marido porque ele espreme o creme dental no meio do tubo ou esqueceu de levantar a tampa do vaso sanitário na hora de usá-lo? E aquele amigo que você convidou pra sair e ele passou a noite inteira criticando o bar, a comida, o som, as pessoas? O que eles tem em comum? – Vivem a “síndrome da perfeição”.

As pessoas perfeccionistas são muito exigentes, detalhistas, tem mania de planejamento e arrumação, são pouco flexíveis, tem dificuldade em lidar com mudanças de planos, imprevistos e opiniões divergentes, são burocráticas, tendem a ser pouco criativas, avaliam o mundo dentro do critério do certo e errado (mas eles sempre estão certos), tem rigidez de caráter, não aceitam as diferenças e críticas os desestruturam. Nunca estão satisfeitos com nada e vêem mais as falhas do que os acertos, atormentando a vida de todo mundo com suas cobranças. Acham que tem que ser perfeitos para serem amados e também exigem a perfeição do parceiro. Quem consegue conviver e amar uma pessoa que passa o dia buscando erros e criticando? Fica difícil ter paz e realização no dia-a-dia com o excesso de cobrança. Por exigirem demais de si e dos outros, tornam-se uns chatos.

É tudo ou nada!

Ninguém nasce perfeccionista, se aprende a funcionar assim. Se você foi criado numa família também perfeccionista ou foi muito criticado na infância e cresceu sem se livrar do medo de errar, pode estar aí a explicação pra sua conduta. Você tenta colocar ordem no mundo, mas não consegue lidar com o seu caos interior, se culpa e se exige demais, gerando uma baixa auto-estima. A obsessão pela perfeição faz com que as pessoas trabalhem mais. Como vivem criticando os outros, estão sempre sobrecarregados de trabalho porque não conseguem delegar tarefas. Além disso, fixam-se tanto em detalhes que acabam produzindo pouco.

Fazer sempre o melhor vira tortura. Muitas vezes conseguem atingir seus objetivos, mas a energia gasta para alcançá-los é tão grande, provoca tanto estresse, tornando-os vulneráveis à frustração, a tristeza, agressividade e culpa. Todos a sua volta tem que ser perfeitos (de acordo com seu modelo pessoal de perfeição) e ficam muito incomodados quando não conseguem garantir a perfeita aplicação de suas regras disciplinares e submeter os outros aos seus desejos. Eles sempre têm razão!

Estou certo ou estou com a razão?

O perfeccionismo é disseminado em nossa cultura. Vivemos em busca da excelência e da perfeição. Nossa participação no mundo deveria estar ligada ao compromisso de fazermos o melhor, respeitando nossos limites e o dos outros. O mundo não é perfeito, as pessoas não são perfeitas e erros acontecem. Quem vive procurando a perfeição, trilha o caminho do estresse e da exaustão, vai ter problemas de relacionamento (tendemos a nos afastar de pessoas “complicadas e perfeitinhas”) e acaba ficando sozinha.

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