Esses dias, eu ouvi de uma criança de quatro anos que não era justo ela não poder ficar acordada até a hora que ela quisesse vendo televisão porque estava de férias; a partir dessa fala, ficamos conversando sobre que outras coisas ela não achava justo em sua vida: “não era justo ela não ter celular, pois alguns coleguinhas tinham”, “não era justo ela não poder tomar refrigerante todos os dias, só nos finais de semana”, “não era justo ela ter que acordar cedo”…, eu lembrei que a minha filha Clarice, nessa idade, reclamava que “não era justo ter um montão de tempo de aula e só um pouquinho de tempo de recreio”.
Então, as crianças são regidas pelo princípio do prazer e, como elas acham que o mundo gira em torno delas, nada mais natural acharem que seus desejos precisam ser atendidos pelos adultos, e de pronto. A par disso, em torno dos 4 ou 5 anos, elas começam a perceber a existência de coisas que não podem fazer e que nem sempre as suas vontades serão satisfeitas, ou seja, começam a entender o que deve ser feito, a perceber que terão de conviver com deveres, regras e ações obrigatórias e dessa forma, o “não é justo” se traduz em pequenas noções de justiça.
Os primeiros anos de vida são muito ricos em descobertas e aprendizados. A infância é uma época de muitas elaborações, inclusive das vivências de perdas – o brinquedo que quebrou e foi jogado fora, mudança de escola ou de cidade, morte de algum animal de estimação, separação dos pais, falecimento de alguém da família… – e, apesar de muitos pais tentarem proteger os filhos dos sofrimentos da vida, isso muitas vezes não é uma boa atitude, pois as crianças precisam aprender a lidar com as circunstâncias desfavoráveis da vida para amadurecerem e crescerem de forma saudável.
Na verdade, o papel dos pais deve ser o de cuidar, acolher, orientar, ser suporte afetivo, educar e ensinar que escolher, perder e ganhar faz parte da vida. A noção de certo e errado começa a ser aprendida na infância, por isso é muito importante que, ao dizer não, você explique a criança porque ela não pode fazer determinada coisa, essa é a melhor maneira delas aprenderem regras, princípios e valores, inclusive o de respeitar o espaço e o direito dos outros. Inclusive, as crianças pequenas não devem participar de decisões sobre a vida da família, isso é prerrogativa dos adultos.
Educar é cuidar e transmitir valores. Fazer com que nossos filhos nos obedeçam por medo de serem castigados (os adultos são grandes e fortes) ou pelo receio de perderem a nossa proteção e o nosso amor não vai fazer com que eles internalizem valores – ninguém nasce com valores morais, eles não são inatos. Esse aprendizado vai acontecer ao longo da vida, mas precisa começar desde cedo, saiba que aos 8 ou 9 anos, as crianças já serão capazes de entender os princípios morais com a elaboração intelectual necessária.
Vivemos um momento histórico em que a ética pública entrou em colapso; em que a toda hora surgem mais denúncias de falcatruas e corrupções vindas de todos os lados (o que sempre existiu, a diferença é que hoje começam a ser apuradas); em que a violência nos atinge dentro de nossas casas… Pois é, por tudo isso, que precisamos ser exemplo de honestidade, respeito e lealdade para nossos filhos, não é justo que eles não possam conviver em um mundo onde a justiça, a ética e a moralidade sejam valores do passado. É isso!
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