Não bata, eduque

 

Um projeto de lei encaminhado ao Congresso Nacional vem sendo objeto de muita discussão e está causando muita polêmica, é a Lei Antipalmada que prevê punições a quem castiga fisicamente crianças e adolescentes, e isso inclui os pais. As opiniões se dividem e abordam desde aspectos legais – que a Lei é redundante, pois a agressão a menores já é objeto de assunto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e no Código Penal; questionam o direito do Estado de intervir no funcionamento das famílias e, além disso, vários pais consideram a palmada necessária e educativa, pois serve para corrigir e ensinar as crianças.

O fato é que existe uma preocupação mundial com as altas taxas de agressões a crianças e adolescentes, em razão disso, 26 países já adotaram a lei que proíbe castigos físicos.   A verdade é que, se os menores não fossem tão vítimas de violência, tanto física quanto emocional, não haveria necessidade de Lei para protegê-los.

Tapinha dói, sim

Antigamente era mais fácil educar os filhos. Os papéis eram bem definidos: os pais mandavam e os filhos obedeciam. Atualmente, os pais sentem-se inseguros quanto à melhor forma de proteger e educar seus filhos e sentem-se culpados se algo sai errado na vida deles. Mas, como vivem estressados com as urgências e circunstâncias da vida perdem a paciência e terminam batendo. Perder a paciência é humano e normal, principalmente com algumas crianças que aprontam muito e teimam em desafiar as ordens dos pais.

A verdade é que: os pais batem não só com a intenção de educar, batem, também, porque estão estressados e inseguros; uma palmadinha não deixa ninguém traumatizado, mas dificilmente é só uma palmadinha; os pais acreditam que não batem com força, mas a criança não sente assim; a palmada interrompe o comportamento inadequado, pode até resolver na hora, mas não garante que o fato ocorrido não volte a acontecer na ausência dos pais; quando a palmadinha não resolve, a raiva e a impaciência dos pais aumentam e a força da palmada (deixa de ser palmadinha) também; o medo de apanhar ensina a criança a mentir; a violência reforça comportamentos agressivos; as punições físicas são prejudiciais às crianças, especialmente as rigorosas; obedecer por medo não é disciplinador. Há outras formas melhores de educar uma criança.

A violência física deve ser evitada

Mudar hábitos e gestos arraigados culturalmente não é uma tarefa fácil. Com muita freqüência a gente ouve frases do tipo “eu apanhei dos meus pais e isso não me traumatizou e nem me transformou numa pessoa revoltada” por isso quem apanhou tende a tentar disciplinar seus filhos usando o mesmo recurso: a “palmada educativa”. Mas, existem outras formas de corrigir uma criança e impor limites que não seja batendo. A punição não precisa ser física e nem psicológica; às vezes os pais não batem, mas desqualificam, criticam, ameaçam hostilizam o que pode ser tão prejudicial quanto usar a violência. Exercer autoridade não depende de força física e sim de calma e firmeza.

Não é causando dor que você vai conseguir educar seu filho. Quando necessário, repreenda-o e ponha-o de castigo tendo o cuidado de explicar o motivo e o objetivo de sua conduta. Diga não, defina e imponha limites, cobre posturas e atitudes que sejam compatíveis com a capacidade de compreensão, a maturidade e a idade das crianças.  Bater nos filhos alivia a raiva dos pais, embora também os encha de culpa depois. A compreensão, o acolhimento e o diálogo continuam sendo a melhor e mais eficaz forme de educar. Não bata, eduque.

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