NA SAÚDE, SIM. NA DOENÇA, NÃO!

Sem nenhum arroubo feminista, que me desculpem os homens, mas as mulheres costumam ser absurdamente mais responsáveis com a sua própria saúde e mais comprometidas, solidárias e presentes na vida de seus companheiros nos momentos de dificuldades, infortúnios, mazelas e doenças, do que o contrário. É muito mais freqüente (segundo pesquisas, seis vezes mais) que um homem abandone sua mulher ao descobrir que ela contraiu ou manifestou uma doença grave, como um câncer, do que uma mulher abandonar seu companheiro, pelo mesmo motivo.

Ao descobrir que a esposa está com uma doença grave, no início o marido apóia, mas depois, especialmente se o relacionamento já não estava muito bem, ele pode sumir. Parece que o desgaste da convivência no dia-a-dia acaba não só com o amor, mas também com a amizade e a solidariedade entre o casal, ao ponto do parceiro achar que tudo o que possa fazer em prol da esposa, no momento da ocorrência da doença, será muito penoso pra ele, se tornará um imenso sacrifício e que o obrigará a abrir mão da tranqüilidade, do prazer e da alegria em sua vida. Assim, o famoso juramento do casamento de permanecer junto na saúde e na doença; na alegria e na tristeza… cai no esquecimento.

E QUANDO OS FILHOS ADOECEM?

Quando os filhos adoecem, as mães de uma forma muito natural chamam pra si a tarefa de cuidá-los, o que não costuma ser diferente do que acontece no dia-a-dia, afinal de contas os homens são educados para serem provedores e não cuidadores. Na grande maioria das vezes, são elas que vão levá-los ao médico, administram o horário dos remédios, acordam à noite para verificar se está tudo bem, cuidam da alimentação e tomam todas as providências necessárias para que tudo aconteça da melhor maneira possível na recuperação de seus filhotes.

Os homens sentem-se protegidos com essa postura das mulheres, pois, como pais, têm dificuldade em lidar com a dor e sofrimento dos filhos e, quando se afastam, estão na verdade tentando acomodar a sua própria dor e lutando com a impotência em não poder livrar o filho do sofrimento. Lidar com a dor e o sofrimento tem sido historicamente uma dificuldade dos homens.

A SOLIDARIEDADE É UM EXERCÍCIO DE AFETO

Tudo o que uma pessoa espera num momento de dificuldade, doença e dor é receber carinho, colo, compreensão e aconchego dos amigos e familiares; é sentir que não está sozinha e que terá o apoio e solidariedade do seu marido para enfrentar tudo o que está acontecendo e, quando isso não ocorre à saúde fica ainda mais abalada, tanto física como emocionalmente. Imagine que, nesse momento de imensa fragilidade, ela vai ter que lidar com o medo e o sofrimento provocados pela doença, que já lhe trazem tanta insegurança e incerteza e, também, lidar com outra dor muito forte que é a do abandono e da rejeição.

Na verdade, nada disso acontece por acaso. Normalmente, quando algo dessa ordem acontece o casal já vinha vivendo o desamor, a falta de carinho e de solidariedade em seu cotidiano. Dificilmente em um relacionamento pontuado pelo amor e pelo cuidado com o outro a postura do parceiro seria “me inclui fora dessa”. A ocorrência de uma doença grave já traz uma dificuldade muito grande para toda a família, os deixa sem chão, sendo absolutamente necessário que consigam falar de seus medos e inseguranças provocados pela doença. Questões conjugais interferem no curso e no tratamento da doença e ser abandonadas pelo parceiro nesse momento é algo que vai dificultar de forma substancial a recuperação de qualquer pessoa. Seja solidário à dor do seu parceiro e mesmo que o amor de vocês já tenha caído doente pra sempre, o término da relação não ocorreu e esse é o pior momento para acontecer. Pense nisso!

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