Quais dessas coisas você nunca fez na vida: bateu três vezes na madeira para afastar algo de ruim? Desvirou um sapato que estava emborcado por ser um terrível sinal de má sorte? Desviou e não passou em baixo de uma escada e nem cruzou com gato preto porque é sinal de azar na certa? Andou com um dólar na carteira para atrair dinheiro?… Quem não tem na bolsa um kit proteção, com amuletos, talismãs, medalhas e orações pra afastar o azar e trazer sorte. Há século esses costumes permanecem e nós, muitas vezes, desconhecemos como eles surgiram e de onde vieram. A propósito, “o hábito de bater na madeira apareceu milhares de anos atrás entre os pagãos, que acreditavam que a s árvores serviam de moradia dos deuses. Para chamar o poder das divindades, povos como os celtas batiam nos troncos, afugentando maus espíritos”. Interessante, não?
Pois é, as superstições, simpatias e crendices fazem parte da história e da cultura de um povo, têm sempre um caráter defensivo (serve para evitar o mal) e funciona como uma forma de fugir da incerteza, trazer proteção e segurança.
RITUAIS DO ANO NOVO
Respeitando as diferenças de fusos horários e outros rituais diferentes de contagem do tempo (como os judeus e chineses), no momento da virada do ano, magicamente cremos que isso pode provocar mudanças em nossa vida, pois o ano novo traz sempre o desejo de renovar. Mais do que em qualquer outro período do ano, lançamos mão de rituais individuais ou coletivos, frutos de nossas superstições e crendices, com o objetivo de trazer paz, amor, dinheiro e prosperidade, traduzidos em roupas, banhos, comidas, falas e intenções.
Todos esses rituais têm um simbolismo próprio: usar roupa branca no reveillon (paz e purificação); calcinhas ou cuecas novas (sorte no amor); qualquer peça amarela (atrai dinheiro); comer nozes, avelãs, castanhas, tâmaras e lentilha (atrai fartura); comer romãs e 12 uvas verdes (atrai dinheiro o ano todo); defumar a casa e colocar dinheiro no bolso (chama sorte e dinheiro); pular sete ondas (7 são os dias da semana e os chacras – superar obstáculos…); fazer oferendas para Iemanjá (proteção). Todos esses rituais traduzem nossa fé na realização de desejos e sonhos e dão uma ajudazinha na sorte. Escolha o seu!
AJUDAZINHA NA SORTE
Nem todos confessam que acreditam, mas a verdade é que as superstições populares resistem ao tempo. Nós sempre buscamos no mágico e no místico formas de lidar com o novo , com situações difíceis e amenizar a angústia e ansiedade diante das incertezas da vida. São uma resposta cultural aos nossos desejos e imagens sentimentais e nos dão a ilusão de controlar acontecimentos importantes. A verdade é que a ciência não consegue explicar todos os fenômenos da vida, surgindo daí a necessidade de se buscar ajuda no sobrenatural.
Ninguém precisa acreditar totalmente no efeito das superstições e simpatias para executá-las (sabe aquela história do se não fizer bem, mal não faz?). Se elas funcionam ou não, pouco importa, o mais importante é que esse é um movimento lúdico, que nos preenche de encantamento e magia e nos faz acreditar que o ano novo será muito melhor. Que mal há nisso? Faça todos os rituais que lhe agradar sem nenhuma censura ou culpa de não ser politicamente correto. Escolha o que vai comer, que cor vai usar e, se possível, em quem vai dar um beijão na virada do ano. Eu já decidi que vou romper o ano de vermelho, cor da paixão e da emoção, pois tenho muita fé no que virá… Um Ano Novo inesquecível para todos os nossos leitores da TROPPO.