O Nélson Mandela morreu e o mundo inteiro lhe rende merecidas homenagens por sua importância histórica. Sua vida está sendo cantada e decantada em vários programas de televisão e matérias em revistas e jornais. Além disso, provavelmente, ele vai ter seu nome lembrado em escolas, ruas, praças, estádios de futebol, teatros ou qualquer outra forma de se reverenciar a imagem e a memória de alguém, mas o que mudou na história da vida dele com a sua morte, a não ser o fato de que ele não se encontra mais entre nós? Por que essas homenagens não foram feitas enquanto ele ainda era vivo e podia ficar feliz e participar das comemorações? Por que as maiores homenagens precisam ser póstumas?
As pessoas comuns, como nós, por certo não merecerão receber tantas homenagens depois de morrer, mas que as outras pessoas vão falar em nós com mais carinho e até serão mais tolerantes com as nossas falhas e deslizes, depois que nos tornarmos saudade, isso eu não tenho a mínima dúvida! – “Sei que amanhã quando eu morrer, os meus amigos vão dizer que eu tinha um bom coração. Alguns até hão de chorar e querer me homenagear fazendo de ouro um violão”.
DEVIA TER…
Quando alguém morre é muito comum vermos parentes e amigos arrasados diante da perda e da certeza de impossibilidade de partilhar a companhia de quem já foi pra outro plano espiritual, terem uma fala entre arrependida e culpada, pensando e verbalizando que deviam ter usufruído mais da companhia dele, que deviam ter verbalizado de uma forma mais contundente seu amor e amizade, que deviam ter criado várias outras possibilidades de encontro, que deviam ter sido mais gentis e terem partilhado mais colo, carinho e aconchego.
Com o passar do tempo é natural, saudável e desejado que a perda seja melhor elaborada e que a saudade se acomode de uma forma mais tranquila em nossa vida e, dependendo do vínculo e do grau de proximidade com a pessoa que já “foi embora”, as lembranças também ficam mais pontuais, ligadas mais frequentemente a datas e acontecimentos que marcaram a nossa vida com ela. Ter momentos inesquecíveis para lembrar faz com que diminua essa culpa do “deviam ter” e nos permite viver uma lembrança de pertencimento e de que valeu a pena esse encontro.
FAÇA AGORA!
Olhe à sua volta, busque na sua memória e pense com quem você gostaria de produzir mais momentos de acolhimento e felicidade? Quem vai fazer falta em sua vida? O momento é agora, o tempo é sempre que possível – “Por isso é que eu penso assim, se alguém quiser fazer por mim que faça agora. Que me dê as flores em vida, o carinho, a mão amiga para aliviar meus ais”. Nada substitui uma fala amorosa, um carinho, um aperto de mão, um colo ou um abraço em momentos de dor e de precisão.
Perdemos tempo com tantas coisas que às vezes nem acrescentam nada de produtivo na vida, quando poderíamos usar esse tempo e energia para demonstrar na prática nosso amor pelas pessoas, praticar a caridade e a generosidade, nos empenharmos em produzir mais felicidade e contribuir para a construção de um mundo mais justo e solidário. Quer época mais propícia para olharmos amorosamente para o próximo do que no Natal?
Quanto a mim, eu quero que vocês todos saibam que “Depois que eu me chamar saudade não preciso de vaidade, quero preces e nada mais”.
PS: as citações são da música QUANDO EU ME CHAMAR SAUDADE, do Nélson cavaquinho e Guilherme de Brito.