Infelizmente, um dos hábitos mais saudáveis e importantes no desenvolvimento afetivo, moral e intelectual das crianças, o de crescer ouvindo histórias contadas pelos pais, vem se perdendo ao longo dos tempos. Hoje, este hábito está sendo substituído pelo uso dos tablets e smartphones, o que sem dúvida atrai o interesse dos pequenos e proporciona um tempo de folga aos pais; mas, muitas vezes, este termina sendo um momento em que a criança fica sozinha, não existindo, portanto, interação e nem troca afetiva entre pais e filhos.
Os benefícios de se contar histórias para os filhos, seja no aconchego na hora da criança dormir ou em qualquer outro momento em que isso seja possível, são imensos: ajuda no desenvolvimento da linguagem, da imaginação e da criatividade; ensina valores (amizade, solidariedade, respeito às diferenças…); contribui para a formação da identidade; auxilia a capacidade cognitiva e a inteligência emocional; incentiva o hábito de leitura e melhora a escrita; amplia conhecimentos ao apresentar às crianças informações sobre outras culturas; possibilita trocas emocionais; cria momentos de cumplicidade e intimidade; constrói um tempo de calmaria, aconchego e ternura.
Através das histórias pode-se falar sobre qualquer assunto que seja necessário. Por exemplo, para uma criança com dificuldade alimentar pode-se contar a história de um garotinho que não se alimentava direito, era fraquinho e por isso não era escolhido para os times da escola e ele chorava por conta disso, até que um dia a mãe lhe disse que se ele comesse ficaria forte, teria forças e seria escolhido pelos outros coleguinhas… – a criança se identifica com a história e comemora a superação da dificuldade. As histórias nos dão a oportunidade de criar personagens e cenários, trabalhar valores, falar de medos, de afetos, de desejos, de solidariedade, de possibilidades e de superação.
As crianças pequenas (até 3 anos) preferem acompanhar as histórias com as imagens mostradas num livro – eles adoram histórias pequenas, sem muitos personagens e costumam prestar muita atenção em quem está lendo, por isso faça gestos e mude a entonação de voz para diferenciar os personagens. A partir dos 4 anos elas interagem bem mais, memorizam, fazem perguntas e conseguem relacionar os fatos acontecidos na história com acontecimentos da vida real; a partir dos 5 anos, elas antecipam o que vai acontecer e até nos corrigem quando a gente troca algum detalhe.
Em qualquer idade, por meio das histórias, podemos criar condições para que as crianças aprendam a pensar, a analisar os fatos e a exercitar o pensamento crítico. As crianças precisar ouvir histórias que falem de amor, de superação, de acolhimento, de solidariedade afim de que se sintam acolhidas e protegidas por nós; também precisamos escolher histórias com personagens infantis com os quais elas possam se identificar e que o enredo e a linguagem usados por nós sejam compatíveis com a faixa etária da criança. Converse com elas sobre a história e certifique-se de que elas entenderam a mensagem que você quis passar.
Contar histórias também é uma forma de incentivar na criança o gosto pela leitura, mas o exemplo é fundamental. Como incentivar os filhos a lerem se ele nunca vir os pais comprando e lendo livros? Saiba que muito mais do que qualquer possibilidade de aprendizado e conhecimento o contar histórias cria um clima de afeto, ternura, cumplicidade, intimidade, amorosidade, segurança afetiva e ajuda sua cria a desenvolver a autoconfiança.