Você sabe identificar o que te tira do sério e te deixa louco de raiva? Como você tem lidado com essa emoção: você é do tipo “bateu, levou”, “respira fundo e conta até dez”, “se isola e não quer papo”…? Apesar de não ser uma emoção agradável, nós seríamos totalmente indefesos se não tivéssemos a capacidade de sentir raiva. Nossas emoções (e a raiva é uma delas) são determinadas pela maneira como sentimos, percebemos e avaliamos uma determinada situação e isso nos individualiza, diferencia e nos permite escutar a vida dentro de nós.
Quando não conseguimos satisfazer um desejo, alcançar um objetivo ou nos sentimos frustrados, injustiçados ou agredidos é normal sentirmos raiva. Às vezes não conseguimos nem disfarçar, pois o corpo nos denuncia: o coração acelera, as mãos ficam suadas, a respiração fica alterada, o tom de voz se modifica, aumenta a tensão muscular, a pressão sobe (os hipertensos são os que mais sofrem com a raiva)… O problema não é sentir raiva (todo mundo sente) e sim como você reage a ela. Fique atento e não se deixe “dominar” por ela!
“… O INFERNO É O OUTRO”
Ao vivermos uma situação desagradável, sentimos irritação (uma reação hostil a um estímulo) e se não acontecer nada que diminua essa sensação, fatalmente ela vai se tornar mais intensa e explosiva. A raiva sinaliza a existência de um conflito e isso nos possibilita avaliar nossos limites e nos proteger das ameaças. Como eu vou dar um “chega pra lá” em alguém se eu não me permito reagir? Algumas pessoas são incapazes de se proteger e mesmo diante de situações de desrespeito ou maltrato, mostram-se resignadas o que compromete a sua saúde e qualidade de vida.
As crianças e os adolescentes se não passaram por longos períodos de privação e carência afetiva ou conviveram com repetidos atos de violência, vivem e falam sobre o que os deixa com raiva com uma profunda simplicidade – se “o inferno é o outro”, sua raiva é dirigida à fonte de frustração. A palavra tem o poder de aliviar o sofrimento e esvaziar a vontade de ter que recorrer a violência física mas, cuidado, pois elas também ferem e magoam. (quem diz o que quer, ouve o que não quer)
OS SENTIMENTOS TÊM NOME
Aprender a identificar nossas emoções (dando nome) é o primeiro passo para que possamos tomar atitudes adequadas. Nas relações com o outro é necessário deixar claro nossos interesses e limites, mas também precisamos perceber que o outro também tem os seus, e isso se chama “respeito”.
Nós não somos só emoção, somos também razão. A raiva é uma emoção que norteia nossas atitudes e é certo que, a maioria de nós, consegue se controlar menos do que gostaria e deveria. Repense o seu jeito de ser e encontre uma maneira socialmente aceita de aliviar sua raiva, para não descarregá-la no outro. Quando você perceber que está chegando perto dos seus 5 minutos de loucura, tenha uma atitude: respire fundo; lave o rosto; se movimente, cante, grite (sozinho); soque o travesseiro (pensando que é a criatura, é claro!); fale sozinho e xingue o outro de todas as formas, comece o chamando de babaca, depois… É ótimo!; escreva tudo o que você gostaria de ter dito e mais alguma coisa… depois rasgue ou delete… Assim, quando você for falar com o outro, sua raiva e disposição para brigar terão diminuído bastante e você poderá apresentar uma postura mais conciliadora. Eu aprendi com o poeta Quintana que “todos esses que aí estão atravancando o meu caminho. Eles passarão… Eu passarinho”. O meu desejo é o de poder voar cada vez mais tranqüila e alto… Mas em bando!