No dia 12 de julho, o médico anestesista Giovanni Quintela Bezerra foi preso em flagrante por estuprar uma gestante, durante um parto cesáreo, no Hospital da Mulher Heloneida Studart, na baixada fluminense. Enfermeiras, desconfiadas da quantidade de sedativos que ele administrava às pacientes e do comportamento estranho do médico, esconderam um celular no armário para poder gravar o que acontecia. Assim, o dia que deveria ser o mais importante na vida de qualquer mãe, para essa mãe, passa a ser marcado por ter sido vítima de um crime hediondo.
Imediatamente, Giovanni Bezerra passa a ser investigado por mais outros possíveis estupros (pelo menos 5). E as demais mulheres, que foram anestesiadas pelo médico, começam a se movimentar e a questionar se elas também não foram vítimas do mesmo ato monstruoso? E as atrocidades não param por aí: o Instagram do anestesista preso salta de 500 seguidores para mais de 25.000 em pouco tempo (se por curiosidade ou identificação, pouco importa!), e um dia depois da prisão do estuprador, um estudante de medicina da UFMS satirizou um texto que fala sobre o estupro e os riscos que as mulheres sofrem na sociedade, o que gerou revolta nas redes sociais.
E pasmem, quando o médico chegou à Unidade Prisional Bangu 8, ele foi hostilizado pelos detentos que passaram a sacudir as grades, vaiaram e xingaram o anestesista. Nem os presidiários perdoam as pessoas que cometem crime desta natureza, mas, infelizmente, tem muita gente que se encontra solta e circulando por aí que se identifica com eles – No Brasil, em 2021, a cada 10 minutos uma mulher foi estuprada e a cada 7 horas ocorreu um feminicídio (dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública); durante a pandemia, uma em cada quatro mulheres foi vítima de algum tipo de violência doméstica.
Estarrecidos e indignados, assistimos a este palco de horrores e nos perguntamos ATÉ QUANDO? Precisamos urgentemente resgatar nossa humanidade e não mais aceitar que mulheres sejam estupradas, violentadas e agredidas; que indigenistas e jornalistas sejam mortos, esquartejados e queimados; que pessoas sejam perseguidas, discriminadas, agredidas e assassinadas por terem uma orientação sexual diferente, por terem um tom de pele diferente, por terem opiniões políticas diferentes ou por terem uma condição financeira diferente. Chega de barbárie!
A construção de uma sociedade menos violenta, intolerante e individualista depende de todos nós. A prática da empatia pode ser socialmente desenvolvida, por isso, nosso compromisso enquanto pais e mães, deve ser o de ensinar aos nossos filhos, desde a infância, a amar o próximo e a respeitar as diferenças. A falta de empatia justifica tantas atrocidades cometidas atualmente e fomentam a disseminação da cultura do ódio – as pessoas têm o direito de pensar e serem diferentes em suas especificidades.
Precisamos, urgentemente, tentar resgatar a nossa humanidade através da construção dos nossos afetos, combatendo a cultura do ódio, respeitando as diferenças e exigindo a punição para os criminosos.