FUTEBOL E VIOLÊNCIA

A paixão pelo futebol no Brasil é quase obrigatória e faz parte de nossa identidade cultural, afinal somos o país do futebol! Fenômeno popular que mobiliza massas e funciona como uma manifestação coletiva da vida, onde as pessoas expressam sentimentos e emoções. No campo, é permitido dizer palavrões, xingar o juiz e adversários, pular abraçado com pessoas que você nem conhece; sorrir; chorar (pelo seu time não vale o mito de que o homem não chora); tripudiar; debochar; sofrer; comemorar… Na música “Partida de Futebol”, o Skank traduz muito bem essa paixão – “Posso morrer pelo meu time. Se ele perder, que dor, imenso crime. Posso chorar se ele não ganhar. Mas se ele ganha, não adianta. Não há garganta que não pare de berrar…”

Mas, uma onda de violência se alastra nos campos de futebol. A violência é um fato cultural e faz parte da vida social humana. É a externalização de um desejo de destruição (diferente da agressividade). Assim, a violência no futebol é construída socialmente e dirigida de forma premeditada à outra torcida organizada, vista como inimiga. Futebol e violência fazem parte do cotidiano de nossa sociedade, mas não precisam andar juntos.

PAIXÃO PELO FUTEBOL

As torcidas organizadas surgiram da paixão pelo clube e cumpriam o papel de apoiar e incentivar seu time. Hoje, alguns torcedores vão a campo para bagunçar e cometer atos de extrema violência, por não admitir que o outro tenha o direito de ter uma escolha diferente da sua. Espancam e assassinam pessoas que sequer conhecem, tratando-as como inimigos! Essas pessoas vestem a camisa para brigar, no fundo são “delinqüentes” vestidos de torcedores e que no coletivo da torcida encontram oportunidade para extravasar seus “instintos” reprimidos e fazer coisas que não teriam coragem de fazer sozinhas. Sem dúvida, essas pessoas (felizmente são uma minoria) não pertencem ao mundo ordeiro do futebol e, muito menos, essa é uma forma adequada de pertencer a um grupo social. O futebol é fruto de trabalho de equipe, da solidariedade entre seus membros e com regras claramente definidas contra a violência (faltas/cartões amarelos/ vermelhos). 

PELA PAZ NO FUTEBOL

A violência está se tornando uma grande adversária do futebol. Somos um povo apaixonado pelo futebol e a paixão é tanta, que, até nas lojas de confecção infantil, existem camisinhas e sapatinhos com o escudo dos clubes (as crianças já nascem vaticinadas a torcer por um clube). Nós todos, homens e mulheres (sim, nós também gostamos de futebol), devemos nos comprometer com o processo educativo como uma ação de cidadania contra a violência nos esportes. Temos o direito sim de torcer pelo nosso time e poder voltar para casa, tristes ou alegres… mas sem ser agredidos. Vamos resgatar o futebol como uma cultura de arte, de cidadania e de paz! É preciso que haja uma ação política que coíba a violência e acabe com a impunidade dos agressores. Além disso, que nossos jogadores dêem o exemplo, assumindo uma postura de não violência no campo; que os torcedores se sintam responsáveis pela reputação de seu time e tenham um comportamento adequado; que as famílias possam freqüentar os estádios com segurança. Historicamente, grandes causas já receberam a adesão dos clubes e seus atletas, como a campanha pela anistia, a luta pela democracia, contra o preconceito racial… e pela paz. Vamos todos nos empenhar nisso. Já quero poder ir a campo torcer pelo meu Payssandu ou para acompanhar minhas filhas que são remistas. Paz para todos nós!

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