Infelizmente, algumas pessoas (talvez muitas) vivem “relacionamentos tóxicos”. Estas relações são assim denominadas porque a convivência com o outro – um parceiro amoroso, parente ou amigo- provoca efeitos nocivos na vida da pessoa, por exemplo: rouba a sua paz e alegria, abala a sua saúde, a impede de ter prazer e acaba com a sua autoestima. Quem está por perto e presencia as constantes agressões verbais, desqualificações, críticas maldosas e os desrespeitos que pontuam a convivência do casal, não entende como alguém pode conviver com tanto maus-tratos e permanecer no relacionamento. Você conhece algum casal assim?
Nos relacionamentos tóxicos, um dos parceiros (normalmente o homem, embora também existam mulheres tóxicas) é perito em diminuir o outro, pois sente prazer em desmerecer as suas conquistas e adora desautorizar a sua fala e desqualificar as suas atitudes. Para demonstrar sua força e poder, não respeita as necessidades e nem reconhece como justos os desejos dela, ridiculariza-a na frente de terceiros, cria situações embaraçosas e desconfortáveis ao relembrar histórias em que ela cometeu uma gafe ou se deu mal. A amargura e o sofrimento são constantes na vida de quem vive um relacionamento tóxico.
A presença de terceiros não costuma impedir que as agressões verbais ocorram, às vezes pode até funcionar como um incentivo. E mesmo que os parentes e amigos, após presenciarem tantos atos de abuso, interfiram, façam comentários ou tentem alertar a pessoa sobre a gravidade do que está acontecendo na vida dela, nem sempre é fácil a pessoa se libertar de um relacionamento tóxico. Por quê? Porque nem sempre foi assim, porque tem afeto envolvido, porque a esperança de tudo se ajeitar permanece, porque a autoestima da pessoa está tão baixa que ela não tem forças para reagir, porque há dependência emocional e financeira, porque a pessoa tem medo do mundo lá fora… Os motivos costumam ser múltiplos!
Alexander Lowen, o psicoterapeuta estadunidense criador da Bioenergética, nos ensinou a questionar se “eu gosto da pessoa que eu sou quando eu estou com você”? Se a resposta a este questionamento for positiva, se eu me sinto bem na sua presença, se você me acolhe e me ajuda a crescer, com certeza eu vivo com você uma relação de amor e respeito; caso contrário, se a sua presença me oprime e eu me sinto aflita e diminuída ao seu lado, por certo eu estou sendo vítima de um parceiro abusador.
Preste atenção: quando o sofrimento em sua vida torna-se constante e quando as pessoas que lhe querem bem, de forma clara ou velada, lhe questionam sobre a sua permanência numa relação em que você é desqualificada e desamada e lhe sinalizam que “você não precisa passar por isso”, olhe a sua volta, observe outros casais, lembre-se de como era o relacionamento dos seus pais. Se era saudável e prazeroso, tome-o como um exemplo a ser seguido, se era doentio e frustrante como o que você está vivendo, não perpetue o erro. E faça-se outra pergunta, “o que eu estou fazendo aqui?”.
É preciso que as pessoas saibam que as agressões verbais fazem tanto mal quanto as agressões físicas e que, nos casos mais graves de toxidade e abuso, além das ofensas verbais também ocorrem agressões físicas. Você não precisa ser vítima de ninguém! Aliás, seja dona da sua vida e só se demore onde o amor, o respeito e a alegria se façam presentes. A responsabilidade em produzir felicidade em sua vida é sua! Estabeleça limites e não se permita ser maltratada. É isso!