Nem todas as mulheres têm desejo de ser mãe. Nem todas as mulheres conseguem viver esse papel com leveza e alegria, principalmente as que nunca tiveram vontade de assumi-lo e a gravidez acabou acontecendo por descuido ou acidente. Assim, ser mãe precisa ser a expressão de um desejo de gerar, nutrir e cuidar de um filho, pois todo mundo já conviveu um dia com uma criança ou tem pelo menos noção do trabalho e investimento que é cuidar de um serzinho que nasce totalmente dependente e leva um bom tempo pra aprender a caminhar na vida as custas de suas próprias pernas. Criar e educar um filho dá muito trabalho!
Em função de tanta cobrança social, não é fácil pra algumas mulheres reconhecerem e assumirem pros outros que não têm a mínima vontade de colocar um filho no mundo. A sociedade cobra, especialmente das mulheres, que elas tenham namorado, que se casem, que tenham o primeiro filho, que tenham mais filhos e que sejam boas mães. Para as mulheres é quase uma obrigação ser mãe! É como se elas se tornassem seres incompletos e infelizes sem filhos, mas é claro que uma mulher pode ser muito feliz sem ter filhos e outra pode ser muito infeliz tendo filhos. A felicidade é algo produzido através da satisfação de desejos e não fruto de cobrança social.
O MITO DO AMOR MATERNO
O amor materno como conhecemos atualmente é algo que só foi estabelecido a partir do século XVIII, antes disso as mães tinham mais uma função biológica do que afetiva pois muitas crianças eram criadas pelas amas-de-leite, que lhes davam suporte físico e emocional; elas cuidavam das crianças com muito carinho e atenção e sendo assim, é claro que era com elas que as crianças construíam um vínculo de amor e de afeto e não com as mães biológicas que não participavam das rotinas da vida delas. O amor materno inato é um mito, ele é construído no dia-a-dia, no exercício amoroso da convivência. Então, essa história de que a mulher nasceu pra ser mãe é balela, ser mãe é uma escolha.
A possibilidade da maternidade povoa o universo feminino desde sempre. Quando crianças, ao brincar de bonecas, as meninas terminam assumindo o papel de mães das suas bonecas; quando adolescentes, após a primeira menstruação, o comentário que as jovens costumam ouvir é “cuidado com o que você vai fazer, a partir de agora você pode engravidar” e depois que casam as cobranças pela maternidade se fazem presentes e, dependendo do tempo de matrimônio, com muita intensidade.
EU QUERO A MINHA LIBERDADE
Não querer ter filhos é um direito da mulher e não importa se o motivo é porque colocam a carreira profissional em primeiro plano; se não querem perder a liberdade; se estão comprometidas com um outro estilo de vida; se o tempo é escasso; se não desejam assumir responsabilidades com a educação de um filho; se as condições financeiras, emocionais e psicológicas não permitem ou se a violência no mundo assusta, mas a verdade é que a cada dia cresce o número de mulheres brasileiras que não desejam ter filhos – segundo o IBGE em 2010 eram 14% e na pesquisa anterior eram 10% .
Em fim, a satisfação e o prazer na vida vão além da maternidade e a vida só é vazia sem filhos para quem desejou ser mãe e, por algum motivo, não foi possível. Se você não tem desejo, paciência ou não gosta de crianças não tenha filhos, pois a responsabilidade por gerar e criar uma criança é grande e o melhor é que ela venha ao mundo por uma decisão amorosa de um casal. O mais importante é cada um de nós tentar viver seus desejos e sonhos e procurar ser feliz. É isso!