Se você fosse fazer um filme contando a história da sua vida e resolvesse mostrar apenas os fatos relevantes, os momentos que realmente merecem ser lembrados, você teria muito que contar? Então vamos lá: seu filme seria um curta ou longa metragem? Qual seria o enredo? Qual o gênero – romance, drama, terror, documentário, comédia? Quem seriam os personagens que merecem ser eternizados em sua história? Quais os cenários que você deseja retratar? Que músicas farão parte da sua trilha sonora? Como seria o figurino? É uma história de encontro ou de desencontro? Há algum personagem que sofreu muito na sua história? Tem final feliz esse filme?
Ao longo da vida, nós vamos escrevendo a nossa história e filmamos tudo o que é importante pra nós e guardamos esse material em nossa memória. Nossas lembranças arquivam os fatos mais relevantes, tanto de bom, como de ruim. E como é a gente quem roteiriza, dirige e protagoniza o nosso filme, nós escolhemos como ele será. Assim, ao longo das filmagens, podemos modificar o enredo, acrescentar novos personagens, transformar protagonistas em figurantes ou manda-los viajar para o Egito, escolher cenários, criar outra trilha musical e contextualizar a narrativa.
NOSSAS ESCOLHAS
Nós somos responsáveis por tudo que acontece em nossas vidas. Então, se criarmos momentos e histórias prazerosas e agradáveis em nosso cotidiano, por certo, garantiremos boas lembranças para o futuro. Não é muito produtivo ficarmos ancorados no passado, mas não podemos fazer de conta que coisas não aconteceram quando, de fato, aconteceram. Porém, mais importante do que os fatos é a forma como eles serão lembrados. A nossa vida acontece no presente e nas nossas lembranças. Escolha o que vai ser transitório e o que vai ser permanente em sua vida.
O maravilhoso Charles Chaplin dizia que “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”. As escolhas na vida da gente determinam as emoções e sentimentos que nos acompanharão ao longo do dia. Ter atitude é essencial para que tudo aconteça, para que a gente receba as flores e as homenagens em vida. Viver bem dá muito trabalho, mas vale a pena!
PRODUZINDO FELICIDADE
D. Nazilda (Naninha), minha mãe, completou ontem 92 anos, tempo mais do que suficiente para ensinar com seu exemplo o que é amor ao próximo, esperança, caridade, gratidão, solidariedade, generosidade, fé, bondade e mais um montão de coisas boas. Naninha é uma “fazedora de histórias”: quando a gente era criança e morava na Vila Mackdowell, num dia de Círio de Nossa Senhora de Nazaré, momento em que as famílias e os amigos tradicionalmente se reúnem para celebrar a fé e o acolhimento, ela convidou todos os mendigos que diariamente perambulavam pela vila pedindo comida (acho que eram uns seis ou sete) para virem almoçar em nossa casa. Eles compareceram e ela os serviu.
Mãe, não dá pra fazer um filme da sua vida , teria que ser um seriado. A trilha sonora seria belíssima, com tantos artistas e músicos na família (o Alcyr comandaria a turma); apesar de você se vestir de forma muito sóbria a sua vida é repleta de cor e brilho o que garante a alegria dos cenários, mas dificuldade mesmo seria escolher o elenco, pois todo mundo ia querer fazer parte de sua filmagem e como para você todos são importantes… Não é qualquer pessoa que consegue chegar aos 92 anos e mais ainda, com uma lucidez absurda. Você vive no tempo da delicadeza, música e poesia e, assim, a cada dia, nos ensina a produzir paz e felicidade. Já com os olhos cheios de lágrima, em nome de seus filhos, netos, bisnetos, parentes e agregados agradeço por você existir em nossas vidas. Ontem, mais uma vez, no seu local predileto – o Beto Grill, celebrarmos a sua vida. Sua benção!