EU TENHO TANTO PRA TE FALAR…

 

Hoje se comemora o dia das mães, por certo muitas de nós receberão, merecidamente, muitas homenagens e presentes, afinal de contas as mães continuam sendo a primeira e mais importante referência de afeto para os filhos. Então, seria muito bom para continuar garantindo o primeiro lugar no podium, que as mães parassem um pouco para refletir o que poderiam fazer, melhorar ou modificar em suas condutas maternas para que pudessem produzir mais felicidade junto com os seus filhos. Investida no papel de mãe, eu fiquei me lembrando das falas de tantos e tantos filhos que eu atendo no consultório, que verbalizam seu desejo de um entendimento maior e melhor com suas mães e reclamam que elas vivem estressadas, cansadas e com pouca disponibilidade para ouvi-los.

Recentemente, eu li uma pesquisa produzida pela Universidade de Chicago, publicada na revista Isto É e constato que essa dificuldade deve ser geral, pois, segundo a referida pesquisa, 34% das crianças e adolescentes entre 8 e 18 anos declaram que gostariam de pedir aos pais que eles  estivessem menos cansado/estressados quando chegassem a casa. Já a maioria dos pais entrevistados (56%)  acharam que os filhos pediriam mais tempo com eles e não que reclamariam de algo ligado à presença  e não a ausência deles.

QUANTIDADE É DIFERENTE DE QUALIDADE

Desde que as mulheres arregaçaram as mangas, brigaram bastante e conseguiram ter acesso ao mercado de trabalho, historicamente carregam a culpa de não estarem mais tão presentes ao lado das crias, mesmo sabendo que essa ausência  melhora financeiramente a  condição de vida deles e de toda a família. Mas, não adianta, mesmo assim, as mães continuam se sentindo imensamente culpadas e sofrendo muito   quando algo de errado ou de ruim acontece com os  filhos.

E tem mais, por conta da culpa pela ausência, muitas vezes terminam funcionando com muita permissividade e facilitando demais a vida deles, como uma forma de reparação pela ausência. Ah, se as mães pudessem nada de ruim e de dor acometeria seus filhos, elas os protegeriam de tudo e de todos, mas sabiamente percebem que não há como evitar que eles sofram e que o seu papel de mãe é o de cuidar deles, ensiná-los  a serem fortes, mostrar que os obstáculos fazem parte da vida, que eles vão ter que aprender a lidar com a dor e o sofrimento, que a felicidade é algo produzido por cada um de nós … e que nós sempre vamos estar ali, ao lado deles, dando força, colo, carinho e aconchego.

MÃE É MÃE

A maternidade é um privilégio da mulher. Vamos continuar olhando amorosamente para os nossos filhos e para nós, inclusive para a reclamação deles sobre o nosso estresse que se transforma em falta de paciência com eles. Vamos garantir espaço para que eles possam falar o que pensam, mesmo que não concordemos com eles; vamos aprender a pedir ajuda dos outros membros da família nos afazeres do dia a dia, essa história de “ser mãe é padecer no paraíso” já está absolutamente ultrapassada. Ser mãe é ter atitude! É acolher na hora da precisão, incentivá-los a crescer, dizer não quando necessário, dizer sim sempre que necessário, ensiná-los a respeitar as diferenças, a serem éticos  e a terem uma atitude amorosa com relação à vida.

Naninha, minha mãe: “eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer, como é grande o meu amor por você”. Com a sabedoria dos seus 91 anos você continua sendo a nossa (minha, do Barão, do Mickey, do Alcyr, da Milde e do Amaury) principal referência de amor e de vida, sua benção! Como mãe, tento ser para a Carol, para a Clara e para o Pablo (meu filho por empréstimo) uma referência de amor e de atitude. No mais, feliz vida a todas as mães!

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