Ser a outra na vida de um homem casado, até poucos anos, era uma situação comum a várias mulheres que se contentavam em passar a vida na condição de amantes, sendo fiéis e totalmente disponíveis a esse amor. Os tempos mudaram e as “outras” continuam existindo, com um discurso diferente e com outra roupagem: se consideram namoradas ou companheiras,muitas trabalham, moram em suas casas, tem vida social independente e sentem-se cúmplices numa relação em que partilham com o homem amado além do prazer sexual, amizade, cumplicidade e afeto. É claro que nem sempre as relações extraconjugais são motivadas apenas pelo amor e totalmente desprovidas de outros interesses, principalmente quando há entre eles diferenças significativas de idade, de cultura, de status e de poder econômico.
O público e o privado
O que leva uma mulher a se envolver com um homem casado? O encantamento e a excitação do imprevisível e proibido? A falta de homens interessantes e disponíveis? A repetição de uma história familiar? O desejo de cuidar e proteger alguém que diz ser infeliz no casamento? A possibilidade e a esperança de viver uma grande história de amor com alguém que a valoriza tanto que é capaz de romper com um casamento pra ficar com ela…? Provavelmente, são vários os fatores que interferem no estabelecimento dessa relação…
Ao se relacionar com um homem casado toda mulher sabe das limitações que terá que conviver: não viverá com ele situações públicas (esse é um direito das esposas), passará o natal, o ano novo, o aniversário dele sozinha; precisará se adequar às disponibilidades dos horários dele; quando viajarem juntos, provavelmente, irá em vôo diferente para não despertar suspeitas… Mas, com o tempo, as reclamações começam a se acumular e, fatalmente, virá a cobrança para que ele tome a tão esperada atitude de separar-se, pois ela não quer mais viver um amor escondido.
O futuro é uma interrogação
Não há encantamento e amor que resista a tantas restrições temporais e impossibilidades. Assim como no casamento, a tendência é a de que se o relacionamento paralelo durar muito tempo, as pessoas se acomodem e se conformem com a situação de serem eternamente amantes ou, se a esposa descobrir a traição, que ele escolha permanecer com a família, pois, historicamente, os homens tem muita dificuldade em lidar com a culpa, por isso, embora possam estar absurdamente apaixonados por uma outra pessoa, preferem viver a dor pela perda do amor do que ter que conviver com a culpa pela dissolução da família e pelo afastamento dos filhos. Se, durante o período da paixão mais intensa (que costuma durar 2 anos), o rompimento do casamento não ocorrer, dificilmente isso acontecerá depois.
É sonho de todas as mulheres (acredito que dos homens também) viver uma relação estável onde se sinta priorizada, valorizada e amada. Não é desejo de ninguém ser a outra e muito menos ser a esposa traída e enganada. A responsabilidade pelo estabelecimento e manutenção de uma relação paralela é tanto dos homens quanto das mulheres e, mesmo que o homem tenha assumido o compromisso de separar-se, muitas vezes ele não dá conta de viver esse rompimento. Com certeza, ao longo do caminho, essas dificuldades surgem e se você não as percebe é porque o envolvimento e a paixão lhe impedem de vê-las. Num triângulo amoroso, as escolhas feitas não são unicamente baseadas no amor. O ideal é que você tenha a sorte de encontrar alguém livre e desimpedido e viva um grande amor, sem ter que passar pela desgastante e sofrida experiência de ser a outra na vida de alguém.
Verdade, é complicado ser a outra, estou vivendo essa situação, pior que somos colegas de trabalho