EU NÃO CONSIGO ME CONTROLAR!

Conviver com pessoas mal-humoradas, raivosas, brigadas com o mundo e que estão o tempo todo reclamando de tudo e de todos não é nada fácil. Essas pessoas costumam contaminar o ambiente e despertam a irritação reativa dos outros, pois, costumamos funcionar como um espelho: ficamos irritados quando presenciamos manifestações intensas de raiva; emocionamo-nos com o choro dos outros e ficamos felizes convivendo com pessoas bem-humoradas.

Sabe aquela pessoa que extrapola o limite do aturável e está sempre de mau humor; que se irrita facilmente, de modo desproporcional com qualquer acontecimento; que transforma qualquer divergência em briga; que ofende os outros por motivos banais; que bate as portas com força; que ofende, que quebra objetos nos momentos de raiva; que não consegue controlar as suas emoções e reclama sentir tremores, dormências e palpitações nos momentos em que está muito exaltada, pois é, essas condutas podem não ser fruto de gênio forte ou criação, e sim sintomas do Transtorno Explosivo Intermitente (TEI).

O TEI é uma condição psicológica que consiste em constantes explosões de raiva e comportamentos agressivos. A prevalência da doença é muito maior nos homens (para cada três homens, uma mulher sofre de TEI) e atinge 3,1% da população brasileira. Normalmente, os sintomas têm início na infância ou na adolescência e não há uma causa específica para a doença, mas acredita-se que a principal causa seja o componente genético, porém o ambiente também tem forte influência, pois as crianças tendem a reproduzir o que vivem em casa.

O TEI é um ato incontrolável de agressividade, a pessoa não consegue gerenciar seus impulsos de raiva, e com isso arrumam muita confusão, colocam-se em situações de risco, perdem amizades, não são bem-vindos aos lugares, vivem muitos términos amorosos, afetam com as suas condutas todo um funcionamento familiar, são consideradas pessoas intratáveis e vivem inúmeros prejuízos em todas as esferas da vida. Se não é nada fácil conviver com quem tem esse transtorno, para o acometido com a doença é pior ainda.

No momento da explosão de raiva, a pessoa se acha cheia de razão, não premedita nada, sente-se muito angustiada com o fato acontecido que a deixou com raiva e precisa liberar sua irritação, porém, como não conhece formas saudáveis de demostrar sua contrariedade e raiva, acaba ferindo os outros. Depois, quando cai em si, sente muita vergonha, remorso, culpa e desespero por achar que nunca vai conseguir agir como uma pessoa “normal” e nem se livrar dessa condição.

É importante deixar claro que nem todas as pessoas que são “pavio curto”, que perdem a paciência e agridem os outros sofrem de TEI; além da agressividade ser sintoma de inúmeros transtornos emocionais, pessoas podem ser agressivas e ofensivas por outros motivos (preconceito, prazer ou perversidade) e não manifestarem arrependimento, por exemplo, se alguém após ter sido muito agressivo com outra pessoa, sem motivos para tal e, mesmo assim, continuar achando que agiu certo e que faria tudo de novo, o melhor a fazer, é manter-se afastado desse indivíduo. O TEI tem tratamento, crueldade não. É isso!

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