Erotização precoce

 

É através da imitação que as crianças aprendem muitas coisas como falar, andar, se comportar. Antigamente, a mãe era a referência mais presente na vida das meninas (andavam pela casa com nossas roupas, nossos sapatos… e nos sentíamos envaidecidas com isso). Com a ausência das mães em casa (estão trabalhando), a televisão passou a ser uma influência muito forte – elas querem se vestir, dançar e se comportar igual ao que vêem na TV, ou seja, de uma forma adulta e erotizada, como as dançarinas de Axé ou de funk. Termos pejorativos como “tchutchucas, popozudas, cachorras, preparadas…” fazem parte do seu vocabulário e (não vai nenhum preconceito contra o axé e o funk enquanto movimento cultural), mas eles têm contribuído para disseminar uma “vulgaridade erotizada”, embora a erotização esteja presente na sociedade como um todo.

As meninas, apesar de terem um amadureciemento biológico precoce, não têm maturidade psicológica para lidar com os estímulos sexuais disseminados pela mídia e estimulados pela própria família. Atitudes que podem até ser ingênuas (dança a música da popozuda pra titia ver; perguntas do tipo “tu já tens namorado?” para uma criança) terminam incentivando-a a uma “adultização” e erotização precoce.

 

O PAPEL DA MÍDIA

 

A televisão tem uma influência muito grande no comportamento social das pessoas e ao reproduzir uma erotização excessiva da imagem feminina, com cenas de sexo e nudez (garantia de audiência), estimulam a sexualização precoce nas crianças que aprendem a ver o sexo de uma forma vulgar e as relações afetivas banalizadas. As crianças, muitas vezes, não compreendem o que estão vendo e passivamente assimilam imagens por não dispor de mecanismos que as protejam do mundo adulto. Há uma ausência de regras sobre a veiculação da sexualidade e violência e uma inadequação com os horários da programação e, assim, as crianças terminam tendo acesso à sexualidade e à violência do mundo adulto, antes do tempo.

É importante que os pais saibam que o que o filho está assistindo na TV. Proibir não é a melhor medida, o ideal é que você converse com eles, fazendo sim uma triagem do que eles podem ou não assistir, vendo alguns programas juntos, questionando e deixando bem claro o que pensa. Nossos filhos não se sentirão reprimidos e sim protegidos com isso!

 

A INFÂNCIA ROUBADA

As crianças estão tendo sua infância roubada por uma “adultização” e “sexualização” precoces. É preciso garantir um tempo para que elas possam ser crianças, diminuindo o excesso de atividades a que elas são submetidas, garantindo um tempo para brincadeiras e controlando a permanência delas diante da TV. Saiba que a erotização precoce pode afetar a saúde física e psicológica; a aprendizagem e o desenvolvimento sexual; e também o precesso de maturidade das crianças. A sexualidade infantil é diferente da do adulto (a criança não é um ser assexuado, sente prazer e tem erotismo), pois “não consegue organizar todos os impulsos eróticos em um todo coerente, esse processo se dá aos poucos em direção a genitalidade”.

Não podemos ter certeza do que acontecerá às crianças ao viverem a erotização antes do tempo, mas podemos afirmar que estarão mais propensas a: iniciarem a vida sexual mais cedo; se protegerem menos pois, não pensam nas conseqüências; terem distúrbios alimentares; apresentarem mau desempenho escolar; engravidarem na adolescência; terem envolvimento com drogas; praticarem abortos; fracassarem nas relações afetivas pois, deslocam para sexualidade toda a sua afetividade… Impor limites aos jovens e poupar as crianças de vivenciarem as questões do mundo adulto (dizer “isso não é pra sua idade”) é nosso papel. Vamos devolver-lhes a infância: crianças não são pequenos adultos!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *