“Entre tapas e beijos”

                               Fazer escolhas e tomar decisões na vida nem sempre é uma tarefa fácil, especialmente quando se trata de questões amorosas. Mesmo as pessoas que costumam ser muitas assertivas e lidam com certa tranquilidade com as circunstâncias desfavoráveis da vida, em algum momento, ficam indecisas diante do amor. Algumas pessoas, no entanto, exageram na dose e não conseguem terminar uma relação que já deixou de ser satisfatória há muito tempo e se envolvem num ciclo interminável de términos e recomeços.

Esse funcionamento do tipo “ioiô” (vai e volta) é do casal: quando estão separados sentem faltam um do outro, mas quando estão juntos não conseguem ficar bem. Na prática, vivem “entre tapas e beijos”, como na canção do Leandro e Leonardo “Hoje estamos juntinhos, amanhã nem te vejo. Separando e voltando a gente segue amando entre tapas e beijos”. Para eles, viver junto é tão insuportável e difícil quanto ficar separado; eles já se acostumaram tanto com esse movimento de idas e vindas que o desejo de fazer diferente, de agradar o outro, de rever conceitos e postura dura muito pouco, afinal de contas, eles já sabem que não precisam temer o término já que a volta está garantida.

Muitas idas e vindas

                               Com tantas idas e vindas o relacionamento torna-se não só desgastado, como também desacreditado por todos os que circulam em torno do casal. Os parentes e amigos já nem se envolvem e muitas vezes não se dispõem mais nem a escutar as queixas dos dois e até deixam de convidá-los para sair, pois, a qualquer momento, pode acontecer uma briga entre eles e isso, que já é comum pra eles, torna-se constrangedor para quem está por perto.

Os motivos das brigas são sempre os mesmos, com pequenas variações. Na verdade, eles estão quase sempre disputando quem está certo, quem está com a razão e nesse ritual de competitividade, trocam acusações, desenterram mágoas, desqualificam-se, tornam-se agressivos, disputam verdades e perdem o respeito um com o outro. Apesar de tudo e de todos (que não conseguem mais ouvir os queixumes do casal) eles permanecem juntos, sem conseguir exercitar a generosidade do perdão e vivendo a covardia de aceitar tudo o que o outro diga e faça – “E assim vou vivendo sofrendo e querendo esse amor doentio. Mas se falto pra ela, meu mundo sem ela também é vazio”.

Casal ioiô

                               Viver entre “tapas e beijo” inviabiliza qualquer possibilidade de duas pessoas terem um relacionamento satisfatório e, como vivem presos um ao outro, sofrem por não conseguirem ser felizes juntos; o que eles não percebem é que estão depositando no parceiro a responsabilidade de lhes completar, atender seus desejos e suprir suas necessidades e, assim, perpetuam uma cobrança de expectativa frustrada.

Se você vive uma relação de “tapas e beijos” procure ajuda terapêutica, de preferência para o casal, para tentar mudar o rumo dessa história de sofrimento e desamor. Na prática, apesar do desejo, vocês não conseguem se empenhar em fazer esse relacionamento dar certo, de tão envolvidos que estão nessa instabilidade de sentimentos e desejos. A rotina conjugal pode ser muito boa desde que se tenha cuidados e atitudes positivas com o companheiro no cotidiano; isso alegra a vida, afaga o corpo e faz bem para a alma. Olhar nos olhos e exercitar a capacidade de perdoar e ser perdoado pelo parceiro é fundamental numa relação amorosa. Se não for para viver felicidade juntos é melhor cada um seguir seu caminho, tendo a certeza de que o fim de um relacionamento pode representar o inicio de uma vida mais prazerosa e com novas possibilidades de crescimento pessoal.

De bem com a vida, todo mundo vive mais e melhor. Feliz vida para todos nós!

 

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