Um dos motivos que levam as pessoas (homens e mulheres, nas mais variadas idades) a procurarem ajuda psicoterápica é o sofrimento provocado por relacionamentos amorosos. Numa estatística informal, nessa área, a infidelidade continua campeã de motivo de procura, seguida a média distância por dificuldades em lidar com relacionamentos controladores e obsessivos, o que de alguma forma está relacionado ao medo de ser traído e abandonado pelo seu amor. Nas relações obsessivas tudo é motivo de desconfiança: com quem você estava falando? Pra onde você estava olhando? Por que você demorou tanto? Com quem você estava? Por onde você veio? Você tem certeza que não tem nada pra me contar?E no final do interrogatório “policial” vem sempre a sentença: você está mentindo!
O que vai acontecer daí pra frente, via de regra, inclui um roteiro de acusações, discussões, explicações desnecessárias e que não vão convencer o outro, choro, brigas, tentativa de reconciliação ao telefone, novas insinuações, afirmações caluniosas, xingamentos, noites insones, manhãs ansiosas, tardes sofridas… Às vezes, a pressão é tanta que a pessoa fica absolutamente aturdida ao ponto de se perguntar o que eu fiz? Por que ele desconfia tanto de mim se não há motivos? E para por fim a tanta desarmonia e discussão, a pessoa termina até pedindo desculpas por uma falta que nem cometeu.
RELACIONAMENTOS OBSESSIVOS
A verdade é que quando as coisas acontecem dessa forma, não resta dúvida de que o casal está vivendo um amor obsessivo, que sufoca, que aprisiona, que não deixa o outro respirar e nem ter vida própria, pois cada movimento precisa ser relatado ao parceiro(a) e aprovado por ele(a). Fazer suas coisas pessoais, ter contato com os amigos, tomar decisões sozinha ou até mesmo desejar ficar só em casa são ações muito ameaçadoras para os parceiros inseguros; para eles, qualquer desejo ou atitude independente é sentida como uma ameaça de abandono e rejeição.
Uma relação em que a pessoa não pode ter vida própria e precisa estar sempre grudada ao parceiro em todas as possibilidades de tempo livre na vida, torna-se uma relação doentia. É como se ficasse decretado que a pessoa não existe sem o outro e demonstra claramente o quanto as necessidades do seu “dono” são sempre mais importantes, afinal de contas ele sempre se coloca como prioridade. Esse medo absurdo de perda e abandono, provavelmente, denuncia que a pessoa já viveu histórias de abandono e rejeição.
O AMOR SÓ CRESCE NA LIBERDADE
Ter um pouco de ciúmes de quem se ama é normal e até faz o ser amado sentir-se querido e valorizado, mas quando se torna excessivo, o ciúme vira uma obsessão, uma doença que traz como consequência muita dor e sofrimento para ambos: a vítima sofre com a perseguição do parceiro e sente-se desacreditada e ofendida, já o ciumento sente-se inseguro e sofre com o medo de ser abandonado e rejeitado. Para o ciumento obsessivo tudo é motivo para desconfiança e nada do que o outro diga ou faça vai demovê-lo a mudar de ideia e convencê-lo da inocência do outro.
Quando reina a paz no relacionamento eles são absolutamente encantadores, o que faz com que seja muito difícil terminar a relação. Como cada saída significa uma possibilidade imensa de briga, porque, no mínimo, haverá acusações de estar olhando para alguém, naturalmente o casal termina realizando programas bem caseiros, estabelecendo uma relação de afeto e alegria no privado e desconfiança e briga no público. Estabelecer uma relação com alguém na base da desconfiança, com acusações constantes de infidelidades e deslealdades é escolher viver sobre o domínio da dor e do sofrimento. Para ser feliz no amor precisamos encontrar um companheiro e não um dono