Imagine a seguinte situação: o ex-namorado da sua amiga está dando em cima de você. Eles terminaram o relacionamento há uns seis meses, a sua amiga já ficou com outros rapazes, mas quando você foi conversar com ela, contar o que estava acontecendo e lhe perguntar se ela se importava se vocês se relacionassem, ela fez um escândalo, diz que considerou uma trairagem de vocês dois, ameaçou romper a amizade e a proibiu terminantemente de dar papo pra ele, sem uma explicação plausível, apenas dizendo que não admitia isso.
Se eu pudesse perguntar o que as pessoas que estão lendo esse artigo pensam a respeito do assunto, eu acredito que a maioria diria que é um absurdo alguém se relacionar com o ex da amiga e que isso é motivo de terminar uma amizade. Parece que virou regra essa conduta das pessoas de levarem o ciúme para além do fim do relacionamento, de acharem que podem controlar a vida amorosa do ex, de não aceitarem que pessoas próximas tenham alguma coisa com ele e de se sentirem mortalmente ofendida quando isso ocorre. Na verdade, os laços amorosos não são eternos e quando acabam cada um deve seguir o seu caminho, fazer suas escolhas e decidir com quem deseja se relacionar.
CADA CASO É UM CASO
Numa situação como esta é necessário se levar em conta um montão de circunstâncias e variáveis e, que no final, fazem toda a diferença: o grau de intimidade entre as amigas; o envolvimento e a intimidade dela com o ex-casal; o tempo que durou o namoro; o motivo e a forma como o relacionamento foi rompido; há quanto tempo o namoro terminou; se a amiga ainda é apaixonada pelo ex-namorado; se existia alguma perspectiva deles reatarem a relação; se isso era comentado entre elas… Responder a essas questões é fundamental para se entender se a indignação da outra (a ex) tem razão de existir ou não.
Porém, nos dias de hoje, parece ter-se estabelecido uma regra determinando o que é certo e errado, o que é possível ou não de acontecer após os términos dos relacionamentos. “Ninguém é de ninguém, na vida tudo passa” mas, mesmo nos namoros breves e sem muita expressão, as pessoas se acham no direito de decidir e vetar as escolhas amorosas dos seus ex-parceiros.
AS COISAS TERMINAM QUANDO ACABAM
Absurdo mesmo é quando uma pessoa se apaixona por alguém que nunca lhe deu a mínima confiança, não demonstra o menor interesse por ela e, ao contrário, mostra-se bastante apaixonado por outra pessoa da turma e que, apesar de também de gostar dele, desiste desse relacionamento por medo de ser chamada de “fura olho”. Muitas vezes as coisas acontecem como no poema do Drummond: “João amava Tereza que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém”. Interesse, desejo e atração podem surgir entre duas pessoas que já se conheciam, mas que nunca se olharam como “possibilidade” amorosa.
É claro que as pessoas precisam ter ética, respeitar os valores dos outros, perceber se o relacionamento anterior já passou do prazo de validade, avaliar o que pode interferir numa história de amizade… mas é essencial que seja respeitada a sua liberdade de escolha. Busque na sua memória e olhe a sua volta que você vai lembrar ou descobrir verdadeiras histórias de amor que aconteceram entre pessoas que já haviam namorado pessoas próximas. Ser desleal não é se relacionar com o ex da amiga e sim esconder o seu novo romance e deixar de perguntar para sua amiga “você já deixou de gostar do seu ex”? “A gente tem conversado e se visto”. Algum problema pra você?”. Não se mantenha presa ao ciúme ou ao sentimento de posse, a fila anda, tanto para os homens como pras mulheres.