Um dia desses, recebi um e-mail contendo uma campanha publicitária de um Banco em São Paulo que espalhou outdoors pela cidade, com pérolas do tipo: “não eduque seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz. Assim, ele saberá o valor das coisas e não o seu preço.”; “crie filhos em vez de herdeiros”; “dinheiro só chama dinheiro, não chama para um cineminha, nem para tomar um sorvete”… Isso tudo me pareceu muito interessante, criativo e instigante e fiquei pensando o quanto, de fato, a gente tem investido em ensinar nossos filhos a produzirem felicidade.
O desejo de todo pai e mãe amorosos e que se preocupam com o futuro dos filhos é de que possam contribuir para que eles cresçam, amadureçam e assumam suas vidas com responsabilidade e ética; que consigam trabalhar e se sustentar; que saibam cuidar da sua saúde; que se tornem pessoas agradáveis e interessantes; que sejam amados e acolhidos por seus parceiros; que tenham sucesso profissional; que sejam cuidadosos com as pessoas (e é claro que isso os inclui), enfim… que vivam em paz e sejam felizes. Mas, será que para os filhos são esses os pré-requisitos para se viver felicidade?
OS DESEJOS SÃO PESSOAIS
É impressionante como nós, pouco a pouco e muitas vezes sem nos darmos conta, ficamos impregnados pelos valores de uma sociedade de consumo e passamos a valorizar muito mais o TER do que o SER. Assim, ter prestígio, poder e dinheiro passaram a ser balizadores sociais de sucesso, mas não necessariamente de felicidade e ser honesto, leal e íntegro parece que não são tão valorizados numa época em que a regra é se dar bem, a qualquer custo, mesmo que para isso você precise abrir mão de valores e princípios.
De um modo geral, tudo o que os pais mais desejam é a felicidade dos filhos e tudo o que os filhos desejam para si é serem felizes e isso nos unifica a todos. Mas, para que isso ocorra, é de fundamental importância que eles se sintam muito amados e acarinhados por nós, que eles sejam valorizados em suas potencialidades e desejos e que também sejam estimulados a serem independentes e livres. Amor, respeito e liberdade são atributos essenciais para se viver felicidade.
É PRECISO TER ATITUDES AMOROSAS
As crianças não nascem com manuais de instruções e nem com certificados de garantia e somos nós, os pais e demais adultos cuidadores, que vamos construindo junto com elas uma história de desejos, crenças, valores e sonhos. As relações afetivas familiares vão influenciar a interlocução das pessoas com o mundo, interferir nas escolhas pessoais e possibilidades futuras de atitudes na vida. Portanto, somente pais que estejam de bem com a vida e se sintam felizes vão conseguir passar para os filhos o valor e a importância de se buscar a felicidade sempre, como um objetivo na vida. É preciso ter atitudes que façam a gente ter certeza de que viver vale a pena, que ajudem a nossa alma a ficar leve, o coração cantando e o corpo transpirando alegria.
Afetivamente, a gente tem na vida o que julga merecer. Vamos ensinar nossos filhos a quererem muito da vida no tocante a prazer e felicidade. Vamos reforçar neles a crença de que todas as vezes que eles se sintam muito desconfortáveis ou infelizes numa determinada situação, que eles não se acomodem à dor, à desvalorização e ao sofrimento e procurem dar outro rumo ao que esteja acontecendo e não deixem de tentar de outras formas ou até mesmo mudar de caminho. Vamos continuar educando nossos filhos para terem sucesso, mas vamos lembrar-nos de educá-los, acima de tudo, para que sejam felizes.