E VIVA A SORORIDADE!

 

A época das “Madonas castas” e das “Rainhas do Lar” já acabou há muito tempo, mas esta caminhada custou muito sofrimento, suor e lágrimas às mulheres. Sem dúvida, o Movimento Feminista (1950) foi um marco na vida das mulheres no sentido de fazê-las entender que não eram “sexo frágil” e que, portanto, precisavam se tornar protagonistas de suas próprias vidas e mudar a sua história e, até hoje estamos lutando pelo reconhecimento da igualdade de direitos entre os gêneros.

Muitas décadas se passaram e nós, mulheres, continuamos sendo vítimas de preconceito, discriminação e violência. Apesar de numericamente representarmos a maioria da população (quase 52%) e de comandarmos cerca de 42% dos lares brasileiros, ainda somos tratadas como minoria, e como tal, somos vítimas de discriminação e preconceito. Infelizmente, as próprias mulheres também assumem uma postura preconceituosa ao julgar e condenar as outras mulheres, reforçando com isso as condutas de homens machistas, que se recusam a aceitar a igualdade entre homens e mulheres, pois para eles, as mulheres sempre serão tratadas como propriedade e como alguém inferior.

E na luta pela igualdade de gênero, pelo fim de violência contra as mulheres, pela equiparação de salários aos dos homens no mercado de trabalho entre outras coisas, mas muitas mulheres perderam a vida – 13 mulheres são assassinadas por dia no Brasil, vítimas de violência. Não dá mais para continuarmos apenas nos lamentando e denunciando situações de discriminação, mortes, agressões, assédios, violências e estupros (a cada 11 minutos uma mulher é estuprada em nosso país); desta forma, pensando em dar um basta em tantos atos de discriminação e opressão, as mulheres do mundo inteiro resolveram se unir para juntas se protegerem e lutar pelas  suas vidas e pelos seus direitos.

Então, a união entre as mulheres deu origem ao termo “sororidade” uma grande importância histórica, pois, esta palavra um pouco estranha e ainda desconhecida para muitas de nós, significa” a união e aliança entre as mulheres, baseado na empatia e companheirismo, em busca de alcançar objetivos em comum”. Assim, a tarefa de ajudar umas às outras se tornou muito mais do que uma questão de sobrevivência, passou a ser uma bandeira de luta pelo reconhecimento de direitos, dando uma dimensão política e ética a luta pela igualdade entre os gêneros e, para usar um termo muito atual, garantir o “empoderamento” feminino.

Porém, infelizmente, quando eu vejo o goleiro Bruno, responsável pelo assassinato com requintes de crueldade de sua ex-namorada e mãe do seu filho, Eliza Samudio, ser solto, contratado por um time de futebol, sendo aplaudido, tirando fotos com crianças e suas mães e com adolescentes sorridentes, não consigo entender em que mundo essas pessoas vivem. Como mulher, como mãe e como cidadã sinto-me indignada e impotente diante de tanta desumanidade! O que será que se passa na cabeça dessas mulheres que levam seus filhos para tirar foto com um assassino?

Enfim, nossa realidade enquanto humanidade poderá ser muito melhor quando homens e mulheres, juntos, lado a lado, se possível de mãos dadas, caminharem em direção à construção de um mundo mais fraterno, justo e igualitário. Mas, até lá, o caminho é longo e precisa passar pela construção de nossa sororidade e, que a gente aprenda a valorizar e ampliar possibilidades, garantir espaços de autonomia pessoal e conquistas coletivas que garantam a igualdade de direitos entre homens e mulheres.

 

 

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