E viva a alegria rebelde!

 

“Moro em um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. Em fevereiro, tem carnaval…”, a festa popular mais importante e representativa do Brasil. Nesses três dias que antecedem a quaresma, o profano e o sagrado convivem de forma harmoniosa, permitindo com isso que a alegria, o humor, a liberdade, o amor e a fantasia possam pedir passagem, criando a oportunidade para que muitos foliões façam um acordo de coexistência pacifica com a dor, o sofrimento, a indignação e consigam subverter o curso da sua história nesse período (e olha que diante de tudo que está acontecendo no país,  precisa ter muita energia e capacidade de resiliência  para se viver sonhos e realizar fantasias).

O carnaval é uma festa em que as regras podem ser quebradas e onde a censura social se recolhe e descansa. É um momento em tudo é permitido e a fantasia oferece a oportunidade se viver outros papeis sociais (a maioria inacessível a sua realidade de vida). As pessoas podem tornar-se o que desejarem ser: rei, pirata, cigana, bailarina, marciano, poeta… até homem travestido de mulher é permitido, sem que isso necessariamente, represente uma homossexualidade enrustida e sim uma “transgressão” a normas e valores. Não existe momento mais propicio para que se possa exercitar a rebeldia de forma alegre, de se extravasar o desejo de liberdade e felicidade.

Através do carnaval, o povo tem oportunidade de se pronunciar, denunciar, homenagear, celebrar e viver este período, com data marcada para começar e terminar, se desligando da sua realidade social. Mas, como o humor é uma característica marcante do nosso povo, é claro que durante a quadra carnavalesca, as pessoas envolvidas nos escândalos de corrupção não serão poupadas e serão protagonizadas através das fantasias, das máscaras e marchinhas de blocos. O humor também é uma forma marcante de denúncia!

No carnaval o espírito de liberdade também se traduz nos encontros de momentos, onde o desejo é aproveitar a ocasião “vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval”. Não é sem motivo que a paixão no carnaval é tão bem representada pelo triângulo amoroso composto pelo pierrot ingênuo, sentimental e romântico, que vive apaixonado pela sedutora colombina, mas ela não tem olhos para ele pois é amante do galante arlequim. Nesse período tudo vale à pena, desde viver uma paixão de ocasião, até sonhar com a possibilidade de encontrar um amor verdadeiro. Mas, em qualquer circunstância, se for rolar sexo, use preservativo.

Para participar do carnaval é preciso sair com a alma leve, o coração sambando e se vestir de muita alegria. Carnaval é festa do coletivo, de bando, de ala, e bloco, de escola, de grupo de pessoas, mas também cabe o folião que sai e se agrega onde se identificar. Cabe a fantasia improvisada, o bloco de amigos, a disputa das escolas de samba e o glamour do Rainha das Rainhas que há 72 anos (começou em 1947) reúne representantes dos clubes da cidade (este ano eram 21), numa disputa acirrada em busca de realizar o sonho de muitas jovens virar Rainha ou Princesa, e assim transitar dos contos de fadas ás passarelas.

Mas, nem é todo mundo e muito menos sempre que a escolha é a de ir para a rua. Nem todos sonham com o samba e  avenida. Muitas pessoas aproveitam o feriado para sentir a cadência do balanço da rede e decidem curtir o baile dos lençóis, onde o enredo é criado por filmes, livros, séries, novelas e pela convivência com familiares e amigos. O mais importante é que o carnaval aconteça na paz e na alegria. Feliz carnaval à todos!

 

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