Que a infância é um período muito importante na formação de nossas estruturas psíquicas; que as crianças precisam ser cuidadas, protegidas e amadas para que possam ter um desenvolvimento saudável; que a forma como elas viveram a infância tem grande influência na condutas da vida adulta… tudo isso muita gente já sabe… mas, mesmo assim, parece que há um efeito terrorista na cabeça dos pais, obviamente influenciados pelo discurso oportunista dos filhos, que passaram a ter um medo imenso de serem firmes e enérgicos, de cobrar atitudes corretas e de estabelecer limites para os filhos.
É verdade, as crianças e os adolescentes aprenderam a “chantagear” os pais de uma forma magistral e frases como “eu não tenho o menor prazer em viver assim”; “ eu sou diferente de todos os meus amigos”; “qualquer dia desses eu fujo de casa”; “por isso que eu sou traumatizado” e outras sandices do gênero pontuam a fala deles. Os pais acabam virando reféns em virtude de acreditarem que eles são responsáveis pela felicidade de suas crias e que por isso precisam atender a todos os seus desejos. Na verdade, ao agirem assim, estão formando filhos egoístas, tiranos e que não se importam com os desejos e necessidades dos outros; crescem em tamanho, mas continuam agindo como crianças, pois acreditam que o mundo gira em torno deles.
A IMPORTÂNCIA DO NÃO
Filho nenhum fica traumatizado porque ouviu “não” dos pais, porque ficou de castigo, porque foi cobrado na sua conduta, porque os seus desejos eram atendidos de acordo com o que os pais achavam possível, correto e necessário ou, ainda, pelo fato de que a realidade de vida dos colegas não ter sido critério que determinasse que ele tivesse o mesmo direito. Cada família tem os seus valores e normas e estabelece o seu funcionamento de forma muito particular.
As causas de traumas dos filhos são as experiências muito dolorosas, agressões físicas e psicológicas que provocam danos emocionais e afetam à estrutura mental, como, por exemplo, ser vítima de maus tratos, abuso sexual, ameaças constantes, ser tratado com perversidade, grandes desilusões, situações em que viva em completo desamparo, suicídio de um genitor… Uma criança ser tratada com crueldade é inadmissível e se for pelos pais essa atitude é mais dolorosa ainda. Ao ser criada com desamor e ter essas vivências tão sofridas, além da dor, a criança cresce com o sentimento de que ela não é boa o suficiente e que por isso não merece ser amada.
O AMOR É NECESSÁRIO
Provavelmente os pais que foram muito maltratados na infância, não conseguem estabelecer uma relação afetiva saudável com ninguém e isso também inclui os filhos. Assim como as sequelas da violência acompanham a vida adulta, todos os gestos de amor, acolhimento, incentivo e respeito também. Demonstre e verbalize o seu amor pelos seus filhos e saiba que toda vez que você o castiga, repreende e impõe limites você está investindo na sua educação e demonstrando o seu amor por eles, mesmo que eles não entendam isso de imediato.
Hoje em dia, qualquer carência, mazela ou dificuldade se transformou em motivo para que se considere que a pessoa não foi suficiente amada na infância. Menos! As pessoas que foram muito amadas também vão encontrar dificuldades na vida e também vão se sentir carentes em diversos momentos. Ao sentir-se amada, a pessoa também passa a acreditar que ela merece que coisas boas lhe aconteçam e, com uma boa autoestima, o que ela tiver que empreender e realizar na vida se tornará mais fácil. O amor nos torna melhores, mais criativos, mais produtivos, mais empreendedores, mais humanos… E, acima de tudo, mais amorosos com os outros.
Por tudo isso, os pais não devem se intimidar. Educar filhos é tratá-los com firmeza e amor. Isso não traumatiza ninguém, o resto é lenda…