Ninguém esperava, mas aconteceu! O mundo parou por conta de um vírus. Estamos vivendo um gravíssimo problema de saúde pública mundial, os dados são alarmantes: em todo o mundo, mais de 786.000 pessoas contraíram o vírus e 38.000 já morreram; na Espanha, em um único dia, 849 pessoas morreram; e, no Brasil, já foram contabilizadas 4.579 pessoas contaminadas, sendo que 159 pessoas já foram a óbito – esses dados são de segunda feira, dia 30 de março. É uma insanidade, uma total irresponsabilidade com a vida dos outros, o presidente chamar de “resfriadinho e gripezinha” uma pandemia e, mais ainda, conclamar seus seguidores para irem às ruas.
Quando a escolha dos outros está pondo em risco a minha vida e a das pessoas que eu amo, eu tenho direito sim de reclamar e de protestar. Será que vai ser preciso a Covid-19 tirar a vida de um familiar ou alguém muito próximo das pessoas que estão desrespeitando as orientações do Ministério da Saúde para que elas compreendam a gravidade do problema? Precisamos ficar em casa! O isolamento social é necessário para nos manter vivos! Não está sendo fácil para ninguém, nossas vidas viraram de ponta-cabeça e estão em compasso de espera, enquanto nós olhamos a vida acontecer pelas janelas e, com um olhar comprido, pensamos num amanhã ainda sem data para todo esse sofrimento acabar. Mas vai acabar!
As incertezas nos unificam, espero que a esperança também! Precisamos resistir à angústia, ao medo e ao desespero que provocam muita ansiedade e aumenta a produção do cortisol (hormônio do estresse) e outras substâncias depressoras da imunidade. Para manter a nossa sanidade física e mental, é imprescindível seguir as medidas de segurança; respirar lentamente; nos hidratar; estabelecer e manter rotinas em casa; ter cuidado com o sono e com a alimentação; nos empenhar em novos projetos (fazer um curso on-line, aprender um novo idioma…); nos exercitar em casa; selecionar os conteúdos de informação; manter contato com as pessoas através das redes sociais e exercitar a solidariedade – as desigualdades sociais estão pesando demais, vamos ajudar quem a gente puder.
O isolamento social é imprescindível para nos manter vivos e a solidariedade e o amor são antídotos afetivos contra o isolamento. Viramos um imenso nós! Pensar nos outros é uma questão de sobrevivência. Essa parada forçada nos permite olhar para nós mesmos, ouvir nossos silêncios, perceber que nossas urgências do cotidiano acabaram, que agora temos tempo para avaliarmos como tem sido a construção da nossa existência e quem serão as pessoas que gostaremos de ter perto de nós, quando tudo isso acabar.
São tantas as urgências num momento de caos, porém também temos que ficar muito atentos a nossa saúde mental, para evitarmos que a pandemia seja gatilho para o surgimento de transtornos emocionais e mentais, que enfraquecem a nossa resistência e nos roubam as forças para reagirmos.
Enfim, eu estou tentando fazer a minha parte (estou em isolamento social e só atendendo via on-line, assim como os meus colegas psicólogos). Vamos seguir as orientações dos pesquisadores e médicos, eles sabem o que dizem, vamos ter fé, esperança e seguir em frente, pois “o que a vida quer da gente é coragem” (Guimarães Rosa).