Uma boa intenção sempre reflete o desejo de fazer algo de positivo em prol de alguém ou de um grupo, de ajudar pessoas a superar dificuldades, a realizar sonhos e desejos ou a melhorar a sua condição de vida. A boa intenção representa um estado de alma e demonstra que se tem um coração aberto e disponível para exercitar um talento humano que é o de praticar o bem. Assim, a pessoa age movida por sentimentos positivos como a generosidade, a compaixão, a solidariedade, o amor e o interesse sincero e honesto pelo outro.
Mas, apesar de comprometidas com boas intenções, se você agir pautada apenas por valores sociais e auto-referentes, achando que isso é suficiente para decidir o que é melhor para o outro, desconhecendo o que a pessoa sente e pensa, pode estar criando uma tremenda confusão para a sua vida e para a da pessoa que resolveu ajudar. É um grande equivoco interferir dessa forma na vida de alguém, especialmente em se tratando de questões afetivas e profissionais; isso é na prática um abuso de intimidade e de poder. Boas intenções nem sempre dão certo; é necessário ter boas atitudes.
Predisposição para ouvir
Nós, pais e mães, devemos estar muito atentos ao decidir questões que sejam muito importantes na vida de nossos filhos. Nos dias de hoje, não podemos mais ficar agarrados à crença de que ninguém, melhor do que nós, para saber o que é melhor para eles; que tudo o que fazemos é para o bem deles; que o coração de mãe não se engana… É uma verdade insofismável que os bons pais costumam fazer o possível para ajudar os filhos e que desejam o melhor para a vida deles, mas isso também significa perceber que eles cresceram e têm o direito de participar das decisões importantes que lhes dizem respeito, como por exemplo, escolher a profissão que eles querem seguir.
Em qualquer circunstância, precisamos ter uma grande predisposição para ouví-los, procurar saber o que eles pensam e sentem, quais seus sonhos e desejos. Isso não significa que eles podem fazer o querem e muito menos que somos obrigados a concordar com eles. Orientá-los e direcioná-los para que ajam dentro da ética e da moralidade, é nosso dever e disso não podemos abrir mão.
Fazer escolhas e conviver com as conseqüências
Toda vez que ouço alguém dizer que “não fez por mal” ou que agiu “com a melhor das intenções” tenho a certeza de que essa é uma tentativa de justificar um erro. Quando as coisas dão certo ninguém precisa se explicar e sim celebrar o que se tornou motivo de felicidade. O fato de você ter agido de forma bem intencionada não diminuiu a responsabilidade pelas conseqüências, principalmente se sua atitude causou danos na vida de outras pessoas. Dialogar, ouvir com a razão e o coração, ponderar argumentos e entender o momento, a disposição e as possibilidades do outro, continua sendo a melhor maneira de ajudá-lo a fazer escolhas. É complicado e arriscado você tomar decisões por alguém!
Tem um ditado popular que diz “de bem intencionados o inferno está cheio” e um outro que reforça o primeiro “combinado, eu vou junto até pro inferno” mas, como eu acho que você não está disposto a aumentar a superlotação do inferno (tem muita gente que já garantiu seu lugar por motivos totalmente diferentes), o melhor é pensar bem antes de agir e, se desejar realmente ajudar alguém, funcione como um anjo da guarda, que protege e mostra melhor caminho a seguir – o caminho da paz, do respeito às diferenças, do amor, da solidariedade e da felicidade.