Em tempos de pandemia em que a circulação de crianças a lugares públicos ficou mais limitada, tem aumentado consideravelmente a utilização da televisão, de smartphones e de tablets como forma de recreação para as crianças. Na verdade, mesmo antes da pandemia, cada vez mais cedo as crianças pequenas já estavam aprendendo a manusear smartphones e tablets, antes mesmo de aprenderem a ler – e pasmem, no Brasil 3 em cada 10 crianças, de 4 a 6 anos, possuem um celular. E os pais, costumam ficar orgulhosos com as proezas dos filhos pequenos em manusear esses equipamentos, sem saber o quanto isso pode ser prejudicial às crianças.
A Organização Mundial de Saúde sugere que: crianças menores de 2 anos não tenham nenhum contato com as telas; depois de 2 anos, podem assistir apenas televisão durante 1 hora por dia; smarthphones e tablets só devem ser manuseados depois dos 8 anos, e sempre com o monitoramento dos pais para ver o que os filhos estão acessando. As orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria vão no mesmo sentido: evitar a exposição de crianças menores de 2 anos às telas e limitar o uso dos equipamentos por crianças de 6 a 10 anos por no máximo 1 hora dia.
E ainda tem mais: não permitir que as crianças façam uso de telas durante as refeições nem que acessem a internet 1 ou 2 horas antes de dormir. É fato que elas costumam ficar entretidas e quietinhas enquanto estão assistindo desenhos e filmes e isso traz tranquilidade temporária aos pais e cuidadores; ao entrar em um restaurante observe as mesas em que há crianças e, possivelmente, verá a grande maioria delas com um celular ou um tablete nas mãos; o mesmo fato se repete nos carros, o adulto entra e a criança já pede (ou nem precisa pedir) o celular dos pais para ficar se distraindo durante o trajeto.
As consequências da utilização precoce desses equipamentos são várias, tais como: problemas na aprendizagem, porque as crianças estão lendo muito pouco; dificuldades na visão, pois já há uma epidemia de miopia em idades precoces; isolamento social devido às crianças se fixarem nos aparelhos e interagirem bem menos com outras pessoas; interferência no sono em função de que a luminosidade dos celulares e tablets atrapalham a liberação da melatonina, e assim o sono demora a chegar; isso sem falar na possibilidade dessas crianças serem assediadas por abusadores e pedófilos…
E não tem como proibir que as crianças tenham acesso à internet, pois em épocas de pandemia, muitas aulas têm acontecido de forma on-line, formato este que levam os alunos a pesquisar deveres escolares e, para isso acabam se conectando através do celular ou do tablete de um coleguinha ou de um adulto desavisado. O essencial é colocar limites e evitar exageros. Além disso, é sempre bom lembrar que nada substitui o afeto humano; o toque, o olhar, colo, o carinho e o aconchego são essenciais ao desenvolvimento biopsicossocial de toda criança. Vamos nos empenhar em oferecer outras atividades lúdicas para nossas crianças.