CRIANÇA PODE TER DEPRESSÃO?

 

 

Ao contrário do que muita gente pensa, criança também sofre de depressão (cerca de 2% da população mundial). Infelizmente, muitas doenças e mazelas do mundo adulto acometem também as crianças, e a depressão é uma doença grave que não poupa ninguém: ocorre em qualquer idade, em todas as classes sociais e no mundo inteiro, comprometendo de forma intensa a qualidade de vida das pessoas. Mais do que isso, assombra o mundo com a perspectiva da Organização Mundial de Saúde – OMS  de que em 2030 será o problema de saúde mais comum no mundo.

Precisamos ficar muito atentos se as nossas crianças, que antes se mostravam bem adaptadas socialmente, passaram a apresentar os seguintes sintomas: mudanças significativas de humor e de hábitos; perda de interesse pelas atividades que eram antes bastante atrativas; baixo rendimento escolar e dificuldade de aprendizado; apatia; isolamento; sentimento de inferioridade (não enfrenta desafios e sente-se incapaz); perda de energia; alteração no sono (tem medo de ficar só, chora na hora de dormir e tem pesadelos) e no apetite; dificuldade em se afastar dos pais e do adulto cuidador; medo excessivo e constante; frequente queixas de dores (na cabeça, na barriga…) e demonstra que não está bem; com frequência se acidenta, cai e se machuca; apresenta choro fácil; agressividade e irritação.

DIFÍCIL DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da depressão em crianças não é nada fácil, porque diferente dos adultos que verbalizam com precisão o que sentem, as crianças não sabem descrever e muito menos nomear o que estão sentindo, além do que, elas pensam que o que sentem é normal, que todo mundo sente isso e, sequer imaginam que estão doentes e precisam ser tratadas. Os pais também, muitas vezes, tem dificuldade em perceber que a criança não está bem, pois, de alguma forma, ficam aliviados em vê-los quietinhos, sem aprontar e sem dar trabalho em casa.

O que costuma chamar a atenção dos pais para o fato de que algo de mais grave está acontecendo com seu filho é quando eles são chamados na Escola em função da queda do rendimento escolar e dificuldade de aprendizado da criança; quando elas não querem se alimentar ou quando, especialmente à noite, choram muito, ficam inseguras, tem pesadelos e sentem um medo de algo que elas não sabem o que é e nem de onde vem, mas que só alivia com a presença constante dos pais ao lado delas.

CIRCUNSTÂNCIAS DA VIDA

É absolutamente normal e natural as crianças ficarem tristes, aborrecidas, irritadas, enjoadas, chorosas e não quererem fazer nada em reação a determinadas circunstâncias da vida, tipo quando estão de castigo, brigaram com o coleguinha da escola ou não conseguiram ser atendidos em algum desejo especial -, mas isso passa. Agora, se a criança apresenta mudanças significativas constantes em seu cotidiano, demonstra desinteresse pelas coisas que gostava de fazer antes, isso é sinal de que algo de diferente está acontecendo; outro indicador importante a ser observado é se a criança está vivendo momentos de perdas e lutos, demonstrando dificuldades de adaptação a situações novas como separações dos pais (principalmente as litigiosas), mudança de casa, de cidade ou de escola.

Vale a pena ressaltar que esses sintomas variam na forma e intensidade em cada criança, inclusive, também sofrem influência de gênero – os meninos costumam apresentar mais agressividade e problemas de conduta na escola, enquanto que as meninas ficam mais apáticas e se isolam.

Então, se você perceber alguma semelhança dos sintomas descritos neste artigo com condutas do seu filho procure ajuda especializada imediatamente. Quanto mais rápido se iniciar o tratamento, melhores os prognósticos de evolução da doença, pois os quadros depressivos que se iniciam na infância tendem a se tornar mais graves.

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