COMPRAR, COMPRAR E COMPRAR

Muita gente não resiste à tentação de comprar. Compra o que precisa e o que não precisa e muitas vezes até o que não gosta… mas compra. Não consegue pensar e nem medir as conseqüências: pede dinheiro emprestado, passa cheque sem fundo, contrai dívida que não pode pagar, tudo porque não consegue controlar o seu impulso para comprar. Eu não estou falando de um descontrole eventual (me excedi nas compras) e sim de um movimento permanente, uma compulsão por comprar coisas, até mesmo as desnecessárias. Saiba isto é uma doença (ONEOMANIA) e que causa prejuízos materiais e afetivos para a pessoa e toda a sua família.

Estatísticas comprovam que 3% da população brasileira, especialmente as mulheres (numa proporção de 9 para 1), sofrem desse mal. Movidas por frustração, angústia, ansiedade, solidão, raiva, tristeza… compramos mais. Na hora da compra, a pessoa se sente recompensada e feliz, depois vem o arrependimento e a culpa, que duram pouco, porque ela continua desejando e comprando outros objetos. O susto acontece quando chega a fatura do cartão de crédito. Aí se desespera, se culpa ou procura culpados 

ESCRAVAS DO CONSUMO

Comprar é extremamente prazeroso e, muitas vezes, irresistível para o imaginário feminino. Dificilmente resistimos a uma liquidação, vitrines bonitas, parcelamentos em até 10 vezes com preço à vista (até parece que é verdade), promoções do compre agora e só comece a pagar em dezembro… Nós somos vítimas de uma cultura consumista e, mais do que objetos, compramos símbolos que nos façam pertencer a um determinado grupo social.

Somos seduzidas e assediadas pela publicidade que nos vende a idéia de felicidade e poder pelo que possuímos. Tudo é cuidadosamente preparado para induzir ao consumo (marketing sensorial): sons, aromas, iluminação, arrumação das mercadorias nas lojas (os manequins são montados com roupas parecidas com as que vemos nas novelas e nas revistas), interação com as vendedoras… E se você não resistir, só lhe resta esconder a “prova do crime” (as sacolas) no porta-malas do carro ou no armário por vergonha de chegar com elas em casa; afinal de contas, como justificar novas compras se você já está endividada até a alma 

O DESEJO É O DE ADQUIRIR E NÃO DE TER

A compulsão pela compra não coloca ninguém em risco (o que não é o caso da dependência química), embora promova uma enorme desestrutura pessoal e familiar. Comprar é uma atividade socialmente aceita e estimulada, por isso leva muito tempo (cerca de 10 anos) para a pessoa afetada perceber que se trata de uma doença e não apenas de uma “fraqueza” ou um desvio de caráter.

Pesquisas indicam que o consumo é menor quando as pessoas estão emocionalmente tranqüilas e satisfeitas com suas relações afetivas, não precisando consumir como forma de superar carências. Além do que, coisas materiais não preenchem o vazio interior e o prazer pela satisfação imediata de um desejo incontrolável esgota-se no momento em que o objeto desejado é adquirido. Se você não tem controle sobre seus impulsos consumistas, proteja-se: antes de comprar analise o motivo e a necessidade real da compra; procure pagar todas as suas compras à vista; saia de casa com pouco dinheiro e sem talão de cheques e cartão de crédito (o ideal é que você cancele seus cartões); reduza seu crédito bancário; procure fazer outras coisas que lhe dêem prazer. Se você se identificou com este artigo, procure ajuda especializada para tentar resolver seus conflitos, em vez de compensá-los comprando. O que você precisa ter na sua vida é paz e tranqüilidade. Invista em você e no seu desejo de ser feliz!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *