Segundo os poetas e escritores, o ciúme, manifestação do ser humano resultante de uma variada combinação de sentimentos e circunstâncias, como suspeita, ódio, frustração, desamparo, medo, controle, insegurança, angústia, dependência do outro… ocorre em função do amor. – “Se não fosse amor, não haveria planos, nem vontades, nem ciúmes, nem coração magoado” (Caio Fernando Abreu). Na verdade, na maioria das vezes, o ciúme é provocado pelo medo da perda, pela vivência ou pela crença de uma ameaça, de algo que venha por em risco a estabilidade de um relacionamento “amoroso”.
Esta vinculação do amor ao ciúme é tão introjetada no imaginário das pessoas que, se o parceiro não demonstrar ciúme, tem servido de motivo para muitas brigas e intermináveis discussões, ou melhor, “DRs” que acabam virando “palestras” (as mulheres costumam fazer isso com uma frequência absurdamente superior aos homens). Assim, mesmo que o namorado ou marido já tenha entendido que o amor só cresce na liberdade e seja uma pessoa que respeite o espaço de movimentação da sua amada, tem gente que vê nisto um sinal de desamor, pois ele precisa demonstrar o seu desejo de controlar e ter só para si a presença e as atenções dela para que a mesma sinta-se valorizada e amada.
O fato é que, ter um pouco de ciúme pode ter um significado romântico de prova de zelo e de amor desde que ocorra ocasionalmente, como resposta a um sentimento de exclusão ou ameaça, vivenciado em uma determinada situação. Mas, passa a ser um problema sério quando se torna doentio, quando a intensidade, a frequência e a duração extrapolam os limites do tolerável, transformando-se em uma obsessão, uma preocupação excessiva e infundada, em que a pessoa deseja e tenta controlar os sentimentos e o comportamento do seu parceiro, buscando sempre algo que seja indicador de uma traição.
O ciumento não consegue ter paz, sofre imaginando coisas e acaba também com a alegria e a tranquilidade da vida da sua companheira. Fuja de pessoas assim, conviver com alguém que apresenta um ciúme patológico é escolher conviver com a dor, com o sofrimento e com a infelicidade! Também fuja dos relacionamentos em que você seja impedida de ter vida, de sair só; em que você só possa sair se ele estiver junto (os homens costumam impor mais essa conduta) e, apesar do discurso ser o de que se você estiver só, outros homens poderão chegar perto e que ele precisa cuidar de quem ama, muito provavelmente esse controle absurdo tem por objetivo impedir você de saber coisas e descubrir o que não é para ser revelado.
Excessiva desconfiança e possessividade são sinais claros de baixa autoestima e insegurança emocional. O amor deve trazer paz, alegria e prazer à vida das pessoas e não atormentar, aprisionar e causar infelicidade. Todos os gestos ou condutas que limitem e aprisionem não servem para construir e nem reforçar os vínculos afetivos e emocionais. Sem uma base sólida de confiança, cumplicidade, admiração e verdade é impossível se construir um relacionamento em que o amor se faça presente.
O ciúme é um sentimento humano aceitável se acontecer de forma civilizada, ocorrer em momentos pontuais e não servir de motivo para ofender, desqualificar e acusar o outro, mas se ocorrer com frequência e ultrapassar os limites do respeito e da lealdade, o melhor a fazer é reunir forças, pedir ajuda dos parentes e amigos, não se sentir culpada e nem responsável pelo descontrole do seu parceiro e buscar sua felicidade em outro lugar, longe dele. É isso!