No Brasil, “um país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza. Em Fevereiro, tem carnaval…”, uma das festas populares mais animadas, alegres e aguardada ansiosamente por uma imensa massa humana, que dança, canta e usa o ritmo como forma de expressar e extravasar seu desejo de liberdade e felicidade. É uma festa em que as regras podem ser quebradas e onde a censura social se recolhe e descansa. É um momento em que tudo é permitido e a fantasia oferece a oportunidade de se viver outros papéis sociais (a maioria inacessível a sua realidade de vida). As pessoas podem tornar-se o que desejarem ser: rei, pirata, cigana, bailarina, marciano, poeta… até homem travestido de mulher é permitido, sem que isso, necessariamente, represente uma homossexualidade enrustida e sim uma “transgressão” a normas e valores.
Na música SONHO DE UM CARNAVAL, Chico Buarque traduz de forma poética o sentimento de alguém que se preparou o ano inteiro para a festa : “Carnaval, desengano. Deixei a dor em casa me esperando. E brinquei e gritei e fui vestido de rei. Quarta-feira sempre desce o pano”.
PRODUTO DE EXPORTAÇÃO
Há muito tempo o carnaval brasileiro se transformou numa grande festa mundial, atraindo turistas e celebridades, transformando-se em um produto de exportação; uma atração turística, que movimenta milhões em sua produção. Cada detalhe é milimetricamente planejado pela indústria do turismo e da mídia.
Infelizmente, esse fenômeno de massas está se tornando cada vez menos espontâneo e a viagem para o mundo da fantasia, do prazer, da alegria e da igualdade onde tudo “era uma canção, um só coração e uma vontade de tomar a mão de cada irmão pela cidade” está muito pontuado pela divulgação do erótico, pela apelação do sexo e da sedução. E esse apelo é tão forte que há uma ampla campanha (corretíssima) pelo uso de preservativos. O mais preocupante é que o consumo de álcool e drogas, nesse período, atinge seus maiores escores, trazendo como conseqüência uma alta incidência de violência e mortes.
ATRIBUTO DE NOSSA IDENTIDADE CULTURAL
O carnaval faz parte de nossa identidade cultural, assim como o futebol. Através dele, o povo tem oportunidade de se pronunciar, denunciar, homenagear, celebrar e viver este período, com data marcada para começar e terminar, se desligando da sua realidade social. Neste contexto, o sagrado e o profano convivem redesenhando um novo cenário para a cidade, que vira palco da liberação de tantos desejos e energias reprimidas.
O que você vai fazer neste carnaval? Vai comemorá-lo ou vai em busca de sossego? Qualquer que seja a sua escolha, o mais importante é curtir o feriado prolongado de acordo com os seus desejos. Se você ficar em Belém, aproveite pra prestigiar o desfile das nossas escolas de samba, que celebram “no carnaval, esperança. Que gente longe viva na lembrança. Que gente triste possa entrar na dança. Que gente grande saiba ser criança”. Salve Quem são Eles, Acadêmicos da Pedreira, Bole-Bole, Grande Família, Império Pedreirense, Escola de samba da Matinha, Mocidade Olariense… e, especialmente, o Rancho não posso me Amofiná, afinal de contas eu faço parte desta grande nação jurunense (como não vou estar aqui, festeja o Rancho por mim Marcinha). Que o nosso querido Rei Momo Nildo comande esse carnaval como uma celebração à vida e à alegria e, depois, só a quarta-feira de cinzas para restabelecer a “purificação” do corpo e da alma.
P.S: Lembre-se: se você beber, beba com moderação!